
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner deve ser presa após a Corte Suprema de Justiça do país rejeitar, nesta terça-feira (10), seu recurso contra condenação por corrupção. A decisão mantém a pena de seis anos de prisão já confirmada por duas instâncias judiciais anteriores.
Ao receber a notícia na sede do Partido Justicialista em Buenos Aires, Cristina convocou seus apoiadores a protestarem contra o que chama de “perseguição política”. Relatos indicam que manifestantes já começaram a bloquear rodovias de acesso à capital argentina em resposta à decisão judicial.
A ex-presidente, que sempre negou veementemente as acusações, chegou a comparar o processo a um “pelotão de fuzilamento”, afirmando que o veredito estaria decidido antes mesmo do julgamento.
A condenação tem impacto direto na trajetória política de Cristina, impedindo sua candidatura como deputada nas eleições legislativas de setembro e marcando sua primeira condenação penal definitiva. Aos 70 anos, a ex-mandatária ainda pode solicitar o cumprimento da pena em regime domiciliar, benefício previsto na legislação argentina para maiores dessa idade.
¿Creen que van a solucionar esto metiéndome presa? Dale, meteme presa. ¿Y que van a hacer? ¿La gente va a ganar más plata? ¿Le van a subir el salario a los argentinos? ¿Van a financiar las escuelas y los hospitales? ¿Van a pagar la deuda con el FMI y con los bonistas?
Mientras… pic.twitter.com/aYB5OzWs3k
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) June 10, 2025
A acusação
O caso se refere a supostos favorecimentos ao empresário Lázaro Báez em licitações públicas na província de Santa Cruz, reduto político da família Kirchner.
Segundo a acusação, Cristina teria liderado uma organização criminosa entre 2003 e 2015, período que inclui o governo de seu falecido marido, Néstor Kirchner, e seus dois mandatos presidenciais, causando prejuízos estimados em US$ 1 bilhão aos cofres públicos.
A decisão judicial deve aprofundar ainda mais a crise econômica na Argentina, que já sofre com inflação superior a 100% ao ano e crescente descontentamento popular com o governo de Javier Milei.
Cristina, que governou o país entre 2007 e 2015 e foi vice-presidente durante a gestão de Alberto Fernández (2019-2023), permanece como figura central no cenário político argentino, mesmo afastada formalmente do poder.