
A Justiça Federal em Araçatuba, no interior de São Paulo, absolveu o piloto Wesley Evangelista Lopes e o copiloto Alexandre Roberto Borges, acusados de transportar mais de 400 quilos de pasta base de cocaína em um avião monomotor em dezembro de 2024. A decisão, divulgada na última quinta-feira (5), considerou irregular a abordagem policial que levou à prisão dos dois.
O juiz Luciano Silva determinou a liberdade dos réus após concluir que a operação foi realizada sem justificativa legal. De acordo com a sentença, os policiais não explicaram como obtiveram as informações que motivaram a abordagem, o que prejudicou o direito à defesa.
“Um relatório vago, dúbio, confeccionado a posteriori, que justifica uma investigação sem encadeamento formal, sem qualquer embasamento em documentos presentes nos autos, e que não permite qualquer sindicabilidade ou defesa, não pode ser tomado como uma verdade absoluta”, escreveu o magistrado.
A decisão judicial destacou que, sem provas sólidas sobre a origem da investigação, uma eventual condenação seria baseada em “um ato de fé”, sem garantias de ampla defesa. O juiz também revogou a prisão preventiva dos dois homens.

A prisão
O caso ocorreu em Penápolis (SP), onde a Polícia Militar monitorou o voo e prendeu os dois homens após o pouso. A aeronave, que saiu de Aquidauana (MS) com destino a Rio Claro (SP), foi apreendida com 435,86 quilos de droga. Durante a abordagem, Wesley admitiu que receberia dinheiro pelo transporte da carga ilícita.
A defesa dos acusados, representada pelos advogados Maycon Zuliani Mazziero e Alison Conceição da Silva, argumentou que a condenação não poderia ser baseada em uma operação sem registros formais ou origem clara das informações.
Wesley já teve passagem pela Interpol e foi preso em 2019 na Bahia, onde ficou detido por quatro anos. Ele também se envolveu em um acidente aéreo no Acre. Já Alexandre Borges possui antecedentes por pensão alimentícia.