O mês de julho é conhecido como o “Julho das Pretas” em alusão ao 25 de julho, Dia Internacional, Latino-Americano e Caribenho da Mulher Negra. No Brasil, desde 2014, também é em homenagem à Teresa de Benguela, líder do Quilombo de Quariterê. E ainda no dia 31 de julho, é o Dia Internacional da Mulher Africana.

Como parte das iniciativas nesse Julho das Pretas, várias organizações de mulheres negras constroem a “Marcha Nacional das Mulheres Negras”, que completará 10 anos e vêm impulsionando a criação de comitês em todos os estados por mulheres quilombolas, do campo e das periferias das grandes cidades. A Marcha ocorrerá no dia 25 de novembro em Brasília (DF) e pretende colocar 1 milhão de mulheres negras nas ruas da capital federal com o tema: “Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver.”

A construção das Marcha de Mulheres Negras e suas contradições

Não coincidentemente, a Marcha Nacional das Mulheres Negras acontece em governos do PT. Em 2015, sob o governo Dilma que já estava em crise, pós-Jornadas de Junho de 2013. E agora em 2025, sob o terceiro mandato de Lula e sua frente amplíssima, também tentando superar suas crises, inclusive com sua base de apoio no movimento negro.
As contradições dos governos do PT mediante as demandas do movimento negro, das mulheres e dos trabalhadores LGBTI’s são enormes e históricas. Com a ausências de ações concretas e orçamentárias para politicas publicas aos setores oprimidos em geral, a começar pela titulação dos territórios quilombolas de forma qualitativa.
É necessário enfrentar o Governo Lula para avançar a luta das mulheres negras
As mulheres negras são a maioria da população brasileira (55,7%), todavia, ocupamos os piores índices ainda de estudo, trabalho, moradia, vítimas dos despejos (que para este ano a previsão da Campanha Despejo Zero é de 1,5 milhão) e somos as principais vítimas de todo o tipo de forma violenta do Estado Capitalista contra nossos corpos.
Tudo isso aprofundado com o ataque tarifário de Trump e a exigência de anistia ao ex-presidente Bolsonaro que tentou dar um golpe de estado, como parte da guerra comercial com os BRIC’s e de ingerência sobre o Brasil e sua soberania, como parte de seu intento de manutenção da hegemonia do imperialismo norte-americano na rapina capitalista global.

A conciliação de classes do Governo Lula alimenta a precarização das mulheres negras

Enquanto isso, o Governo Lula faz alianças com o Centrão e setores da extrema direita e concessões ao Congresso e a grande burguesia que segue insatisfeita. Corta direitos dos trabalhadores para ajustar as contas ao teto de gastos, precarizando cada vez mais a vida das trabalhadoras negras, em particular, o que eleva também sua insatisfação.

O governo Lula recuperou parte de sua popularidade, mas, através de seu arcabouço fiscal, segue atacando os setores oprimidos da classe trabalhadora para garantir o pagamento da dívida pública aos banqueiros e o imperialismo.

As direções das organizações que constroem essa II Marcha colocam a necessidade de derrotar a extrema direita, mas não vão se enfrentar com o governo de Frente Ampla de Lula, que também ataca a classe trabalhadora e os oprimidos. Irão utilizar a Marcha para fazer campanha para reeleição de Lula, com o mote de combate ao “fascismo” e vender ilusões para as mulheres negras que estarão na Marcha, que, sob a bandeira do empreendedorismo e do empoderamento é possível adquirir o “bem viver”, sem reparação histórica e nos marcos do capitalismo, e sem criticar as bases econômicas do governo Lula que não faz avançar concretamente suas pautas de reivindicações.

Com raça e classe, as mulheres negras precisam construir uma revolução socialista

O capitalismo não nos oferece alternativas. Para mudar nossa vida é preciso destruir o capitalismo. Em seu lugar, podemos erguer uma sociedade socialista, onde as mulheres negras trabalhadoras governem, ao lado de sua classe.

Somente a luta independente das mulheres negras, em unidade e solidariedade com todos os oprimidos da classe trabalhadora, é capaz de arrancar à força tudo o que precisamos para o nosso “bem viver”, partindo da reparação histórica que o Estado brasileiro e as burguesias brasileira e estrangeira nos devem.

E para que essa força se coloque em movimento é preciso ser construída necessariamente contra os ataques imperialistas, da extrema direita e também contra o governo de plantão de Lula e sua frente amplíssima com a burguesia, a quem este serve. Portanto, não é em aliança com o governo, mas contra ele e seus aliados.

 

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Last Update: 22/07/2025