
A agressão ao ministro Flávio Dino, covarde e típica do destempero fascista bolsonarista, um dia antes do início do julgamento dos líderes da trama golpista, preocupa. Parece ser um ato de desespero de quem não suporta o diálogo, tem horror à Democracia e ignora a convivência entre quem pensa de maneira diferente. E, principalmente, revela que a estratégia do líder Bolsonaro de desestruturar o Supremo Tribunal e o Poder Judiciário ficou arraigada nos hostes bolsonaristas.
O ex-presidente, durante o seu desastrado governo, tentou de tudo para virar um ditador. Fez um trabalho de terra arrasada em todas as áreas: cultura, educação, saúde e economia. Cooptou violentamente o Congresso Nacional, que se virou de costas para a Democracia em postura claramente agressiva aos ditames democráticos, surfando no criminoso orçamento secreto, dentre outros caminhos não republicanos. Encetou forte campanha para dominar, desestruturar e humilhar o Judiciário. Tudo isso, junto a uma corrupção desenfreada e com o conluio de grupos para destruir o meio ambiente, cooptando o agronegócio, insuflados por uma militância agressiva, acrítica e muito alienada, fez o caldo ideal para a tentativa de golpe de Estado.
Essa agressão, dentre outros sinais, escancara o que venho insistindo: esse processo tem que ser julgado com a urgência possível. Um adiamento poderá levar a um recrudescimento perigoso, inclusive com a exposição física dos ministros e seus familiares.
Os bolsonaristas são despreparados; acreditam, ainda, a esta altura, que Bolsonaro será libertado, que o exército assumirá o país, que o Trump vai invadir e ocupar o Brasil, além de outras sandices. Indigentes intelectuais, não conseguem fazer uma análise minimamente crítica da realidade. Insuflados por um traidor da pátria, o deputado Eduardo Bolsonaro se refugiou nos EUA para tramar contra o Brasil. Ataca abertamente o Supremo e quer fazer o país de refém. Incentiva e aplaude as sanções às autoridades brasileiras e as tarifas insanas do fascista Trump, em evidente cometimento de diversos crimes. Logo estará preso, mas, até lá, é o herói de plantão dos alienados bolsonaristas.

E tem o beneplácito covarde da Câmara dos Deputados, que não se dá o respeito e não cassa o seu mandato. Tal descontrole e pequenez fizeram um bando de deputados bolsonaristas ocupar, violenta e criminalmente, a mesa da Câmara. Um acinte ao Poder Judiciário. Um outro ataque à Democracia. Uma demonstração clara de que esse grupo continua fazendo uso da violência e de métodos não republicanos. Tudo sem nenhuma consequência, o que incentiva a barbárie.
Por isso, também, a importância institucional e histórica desse julgamento. Condenar e colocar na cadeia os líderes golpistas. Sem anistia. Sem indulto. Pela Democracia.
Remeto-me a Sophia de Mello Breyner, no poema O super-homem:
“Onde está ele o super-homem? Onde?
– Encontrei-o na rua ia sozinho.
Não via a dor nem a pedra nem o vento.
Sua loucura e sua irrealidade
Lhe serviam de espelho e de alimento”.