
O julgamento de Jair Bolsonaro por sua tentativa de deslegitimar o processo eleitoral brasileiro e fomentar atos golpistas encontra paralelo, em outro tempo e escala, nos julgamentos ocorridos em Nuremberg após a Segunda Guerra Mundial.
A comparação permite lançar luz sobre a importância de tribunais que buscam responsabilizar lideranças políticas e militares por ações contra a ordem democrática.
O Tribunal de Nuremberg foi criado para julgar a alta cúpula do regime nazista por crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Era um tribunal internacional, formado pelas potências aliadas vencedoras da guerra. Ali se estabeleceu um marco: líderes políticos e militares poderiam ser responsabilizados por decisões tomadas enquanto estavam no poder. Pela primeira vez, a ideia de imunidade absoluta de chefes de Estado e generais foi rejeitada de forma institucional.
No Brasil, as investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 alcançam agora generais de quatro estrelas que, mesmo da ativa ou da reserva, atuaram para corroer as bases da democracia.

A responsabilização dessas figuras é tão importante quanto a do ex-presidente. Julgar e condenar generais que participaram de articulações golpistas é essencial para deixar claro que o uso da farda não garante impunidade.
Em ambos os casos, os acusados buscaram argumentar que estavam cumprindo funções institucionais, negaram intenções criminosas e tentaram responsabilizar subordinados. Os generais nazistas alegavam obediência a ordens superiores; os militares bolsonaristas invocam lealdade ao comandante em chefe e suposta defesa da pátria. Em Nuremberg, assim como agora, há o esforço de reescrever os fatos, inverter a culpa e se apresentar como patriotas inocentes.
Democracias podem reagir àqueles que usam o poder político para corroê-la. Nuremberg mostrou que o poder não é escudo para a impunidade. O Brasil, ao julgar Bolsonaro, indica que o sistema democrático brasileiro aprendeu com a história e não pretende ser cúmplice do silêncio.
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