A juíza Andrea Calado da Cruz, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, rejeitou encerrar a investigação contra o cantor Gusttavo Lima por suposta participação em organização criminosa responsável por lavar dinheiro oriundo de jogos ilegais. A decisão foi assinada nesta quarta-feira 5.
Com a negativa, o caso agora deve seguir para análise do procurador-geral do MP de Pernambuco. O arquivamento havia sido solicitado pelo Ministério Público estadual, em mais um capítulo da queda de braço com a magistrada sobre o foro competente para julgar o caso.
Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa pela Polícia Civil no final de setembro. Também chegou a ter sua prisão decretada pela juíza no âmbito da Operação Integration, mas a determinação foi derrubada dias depois.
A influenciadora Deolane Bezerra e sua mãe, Solange Bezerra, também são investigadas neste caso por envolvimento com apostas ilegais.
Os investigadores afirmam que o cantor comercializou, por meio da sua empresa, um avião à Esportes da Sorte –companhia cujo dono, o bicheiro Darwin Henrique da Silva Filho, também figura entre os alvos da apuração.
Depois, a aeronave foi devolvida sob a justificativa de um defeito na turbina. Na sequência, os proprietários da VaideBet, outra empresa investigada no caso, compraram o avião. Para os promotores do MP, contudo, as transações não comprovariam os crimes apontados no relatório final da Polícia.
Na avaliação da magistrada, as conclusões do órgão decorrem da falta de “análise cuidadosa das evidências que apontam para a continuidade da apuração dos fatos”. Ao defender a continuidade da investigação contra Gusttavo Lima, Cruz ainda mencionou a relação do artista com o dono da VaideBet que incluiu “movimentações financeiras duvidosas”.
“A conclusão (do Ministério Público) não encontra respaldo nos elementos probatórios constantes dos autos, que indicam a existência de movimentações financeiras suspeitas, envolvendo grandes valores e transações realizadas de forma obscura, caracterizando um claro indício de lavagem de dinheiro e outros crimes correlatos”, sustentou a juíza.
“O fato de o investigado adquirir 25% da empresa VaideBet, conhecida pela ligação com casas de apostas ilegais, agrava ainda mais sua situação. Tais elementos indicam fortemente a continuidade da prática de lavagem de dinheiro, o que torna imperativo o prosseguimento das investigações, em detrimento do pedido de arquivamento”, escreveu Cruz.
Por meio de nota, a defesa de Gusttavo Lima disse permanecer confiante de que a inocência do seu cliente será comprovada. A magistrada também rejeitou o pedido para encerrar a investigação contra José André da Rocha Neto e Aislla Rocha, proprietários da VaideBet. Antes de defender o fim da apuração, os promotores haviam se manifestado pelo envio dos autos à Justiça da Paraíba, onde o casal reside.