A juíza federal Sandra Regina Soares condenou, na última terça-feira 21, oito pessoas ligadas à facção criminosa Primeiro Comando da Capital por organização criminosa e extorsão mediante sequestro do senador, ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (União-PR). Outros três suspeitos de participação no crime foram absolvidos.

Dois homens envolvidos no caso foram assassinados no ano passado na penitenciária onde estavam presos. Moro divulgou um trecho da sentença nas redes sociais, elogiando a atuação do Ministério Público, das polícias e da Justiça Federal. Pontuou, porém, que as investigações precisam prosseguir para identificar os mandantes do crime.

“Solicitarei providências ao ministro da Justiça. Não nos curvaremos a criminosos. Continuarei, no Senado, defendendo a lei, a ordem e penas severas contra o crime organizado”, escreveu o ex-juiz da Lava Jato, que também avalia apresentar um projeto de lei para enquadrar o PCC como grupo terrorista.

Moro passou a ser alvo da facção quando era ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL) e agiu para viabilizar a transferência para presídios federais de Marcos Henrique Camacho, o Marcola, e mais 21 suspeitos de integrar a organização. A ordem para tranferi-los partiu da Justiça de São Paulo em 2018, mas não havia sido cumprida.

Uma portaria assinada pelo então ministro, a restringir visitas nas penitenciárias federais, também teria irritado a cúpula do PCC, segundo as investigações da Polícia Federal. A apuração começou com a delação de um ex-integrante da organização. Em 2023, os agentes da PF prenderam alguns dos investigados por envolvimento no caso, no âmbito da Operação Sequaz.

Outras autoridades entraram na mira da facção, a exemplo do promotor do MP paulista Lincoln Gakiya. “Além de concretizar vingança, os criminosos objetivavam obter vantagens materiais com a prática do sequestro, desde a revogação dessas medidas adotadas pelo ex-ministro até a difusão de sensação de pânico generalizado na população civil e em autoridades públicas”, afirmou a PF.

De acordo com os investigadores, o PCC teria começado a organizar o plano de sequestro de Moro em maio de 2022. As investigações apontaram que os criminosos monitoraram locais que o ex-juiz frequentava. Um dos endereços foi o clube em Curitiba onde ele costuma votar — o sequestro ocorreria na data do segundo turno daquele ano.

Os criminosos não atingiram o resultado pretendido “por circunstâncias alheias às vontades dos integrantes da referida organização, especificamente em razão da descoberta de fraude na locação do apartamento localizado em Curitiba, e ao aviso de que tal fato seria comunicado à polícia”. O plano para sequestrar o senador previa custos de ao menos 564,5 mil reais.

Quem são os condenados pelo caso:

  • Claudinei Gomes Carias
  • Franklin da Silva Correa
  • Herick da Silva Soares
  • Aline Arndt Ferri
  • Cintia Aparecida Pinheiro
  • Aline de Lima Paixão
  • Oscalina Lima Graciote
  • Hemilly Adriane Mathias Abrantes.

Claudinei Gomes Carias, conhecido como “Carro”, foi apontado pela PF como o responsável por alugar a casa em Curitiba que seria usada no plano contra Moro. Ele também vigiou e levantou informações sobre o senador. Uma das provas apresentadas foi um vídeo gravado pelo homem em fevereiro de 2023 mostrando a fachada do prédio onde Moro possui um apartamento.

Além disso, Claudinei gerenciava os gastos da operação e os reportava à liderança do PCC. A PF afirma ter encontrado indícios de que ele desviava parte dos valores para uso próprio.

Herick da Silva Soares, conhecido como “Sonata”, foi identificado como um dos principais homens de confiança de Claudinei e responsável pela contabilidade do grupo. Em uma mensagem interceptada, Herick reportou ao líder Janeferson detalhes sobre a compra de um imóvel.

Seu irmão, Franklin da Silva Correa, também foi condenado por integrar a parte financeira da facção e realizar levantamentos sobre as possíveis vítimas.

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Last Update: 23/01/2025