
A Polícia Federal cumpriu, nesta terça-feira (11), mandados judiciais de apreensão e sequestro de bens contra o juiz do Trabalho Luiz Fernando Bonn Henzel, suspeito de participar de um esquema de fraude de leilões judiciais em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Foram bloqueados 14 imóveis, que juntos somam mais de R$ 20 milhões, além de três carros — uma caminhonete importada e duas de fabricação nacional.
O magistrado, que atuava na 3ª Vara do Trabalho de Canoas, está afastado de suas funções desde o início da investigação, em dezembro de 2024. Sua defesa afirmou ao g1 que ainda não teve acesso à justificativa do pedido e que se manifestará nos autos após tomar conhecimento dos detalhes.
Henzel foi um dos juízes da Justiça do Trabalho que assinaram uma nota em 2018 parabenizando o então juiz federal Sergio Moro por aceitar o convite de Jair Bolsonaro (PSL) para ser ministro da Justiça e Segurança Pública que o capitão foi eleito. O documento, assinado por 149 magistrados, exaltava o trabalho “exemplar e republicano” de Moro e desejava sucesso ao juiz que processou e julgou casos da Operação Lava Jato.
“Expressamos votos de sucesso no enfrentamento da corrupção e dos altos índices de criminalidade que assustam a sociedade brasileira”, dizia a nota.
Esquema de corrupção e fraudes em leilões
Segundo a Polícia Federal, todos os bens sequestrados foram, ao menos em parte, adquiridos com recursos provenientes do crime de corrupção passiva.
De acordo com o delegado Lucas Bohrer, Henzel favorecia leiloeiros, nomeando-os para processos de execução trabalhista em troca de propina. A investigação apurou que grande parte dos bens apreendidos foi adquirida por meio dessas gratificações ilícitas.
A partir da quebra de sigilo telefônico e da confissão de dois suspeitos, a Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no RS afirma, em relatório enviado à Justiça, que o magistrado recebeu um total de R$ 6 milhões em propina.
Essa é a segunda fase da operação Erga Omnes. Na primeira, em dezembro de 2024, o juiz já havia sido afastado e dois leiloeiros foram presos.
Em nota, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região afirmou que o procedimento administrativo disciplinar contra o magistrado segue em tramitação, respeitando o devido processo legal, e que ele permanece afastado das funções.
A investigação teve início após uma inspeção judicial realizada pela Corregedoria do TRT-4, que descobriu a existência de dois grupos de leiloeiros judiciais protegidos pelo juiz. O esquema envolvia a fraude de execuções trabalhistas e a forja de arrematações para desviar valores dos leilões.