Juiz que soltou condenado por destruir relógio histórico do Planalto diz ter cometido “equívoco”

O juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, que autorizou a soltura do condenado por destruir o relógio histórico do Palácio do Planalto durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, afirmou à Polícia Federal (PF) que cometeu um “equívoco“. Investigado por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o magistrado prestou depoimento nesta segunda-feira (23).

Segundo informações da Agência Brasil, o juiz atribuiu a decisão a uma falha no sistema eletrônico da Vara de Execuções Penais (VEP) de Uberlândia. De acordo com o depoimento, o processo foi cadastrado como se fosse de competência da VEP local, o que levou o juiz a acreditar que estava apto a decidir sobre o caso.

O magistrado classificou tal equívoco como lamentável e afirmou que o erro cadastral o levou a crer que estaria atuando em um processo de sua competência, caso contrário, jamais teria decidido“, diz um trecho do documento.

Condenado havia sido solto sem tornozeleira

O mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira foi liberado sem o uso de tornozeleira eletrônica, após a decisão de Migliorini. A soltura ocorreu mediante um alvará expedido pelo Fórum de Uberlândia. Ao saber da liberação, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão imediata do condenado e ordenou a investigação da conduta do juiz.

Antônio Cláudio foi reconduzido ao Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia, na noite da última sexta-feira (20), por volta das 22h.

Juiz nega intenção de afrontar o STF

Durante o depoimento, Migliorini negou qualquer intenção de desafiar o Supremo. “O magistrado reforça que nunca teve intenção de afrontar de usurpar a competência de quem quer que seja, de tribunal de justiça ou de tribunal superior. Reiterou, por fim, que respeita todas as instituições e que jamais teria decidido se soubesse que a competência não era sua“, afirma outro trecho do depoimento.

Condicionalidades da decisão de progressão de regime

Na decisão que concedeu a progressão de regime ao semiaberto, o juiz de Uberlândia justificou a medida com base no cumprimento de requisitos legais. Entre os fatores apontados estavam a fração de pena já cumprida, a primariedade do réu, boa conduta carcerária e ausência de faltas graves.

O magistrado também havia imposto uma série de condições. No entanto, antes que as medidas pudessem ser aplicadas, a ordem de Moraes foi cumprida e o condenado voltou à prisão.

Destruição de patrimônio tombado

Antônio Cláudio foi preso inicialmente em 23 de janeiro de 2023, após ser identificado como o responsável por destruir o relógio histórico que fazia parte do acervo da Presidência da República. A peça, um presente da Corte Francesa a Dom João VI, foi confeccionada por Balthazar Martinot, relojoeiro do rei Luís XIV.

Câmeras de segurança registraram o momento da depredação durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Depois de uma restauração feita com apoio do governo da Suíça, o relógio foi reintegrado ao Palácio do Planalto.

O STF condenou o réu a 17 anos de prisão pelos crimes de: Abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; associação criminosa armada; dano qualificado; e deterioração de patrimônio tombado.

Leia também:

Acompanhe as últimas notícias:

Artigo Anterior

Após novas chuvas, Paim cobra agilidade na construção de diques no RS

Próximo Artigo

Confiança dos consumidores dos EUA registra queda em junho

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!