
Em artigo de opinião publicado na última sexta-feira (22) na Folha de S.Paulo, o jornalista Juca Kfouri mandou o jornal “abrir os olhos” diante do golpe do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Juca fez um alerta contra a normalização do golpismo bolsonarista e a forma como a imprensa — em especial a Folha — tem tratado os movimentos da extrema-direita no Brasil:
Os mesmos terroristas que quase levaram aos céus, em vez dos aviões, o aeroporto de Brasília, e continuaram suas ações no dia 8 de Janeiro, estão hoje na Câmara dos Deputados, na tentativa de golpear a democracia brasileira. (…)
Agora os porta-vozes da aventura são tipos inconversáveis, verdadeiros ogros do PL bolsonarista, como o violento Paulo Bilynskyj, o histérico Marcelo van Hattem, a mãe desnaturada Júlia Zanatta e o “patriota” Eduardo Bolsonaro, guiado pelo neto do derradeiro ditador, o fujão Paulo Figueiredo — entre outras figuras tão pequenas como Bia Kicis, a defensora da liberdade de imprensa que processou mais de uma dezena de jornalistas. (…)

Tratar com tons de normalidade o processo em curso é, de duas, uma: ou se fazer de avestruz ou colaborar para mais uma interrupção do processo democrático duramente conquistado como fez esta Folha ao apoiar o golpe seis décadas atrás —para depois se engajar corajosamente na campanha das “Diretas Já”. (…)
Não há isenção possível entre Winston Churchill e Adolf Hitler. Ou entre Ilan Pappe e Binyamin Netanyahu.
Durante anos esta Folha adotou o lema “Um jornal a serviço do Brasil”. (…)
Então, trabalhar na Folha era motivo de orgulho mesmo quando, a FOLHA sendo FOLHA, tropeçava aqui ou ali.
Hoje não está bem assim. (…)
Como são injustos, ingratos e oportunistas os que cobram de Lula o diálogo com quem nos ameaça e chantageia ao ignorar o ensinamento de Millôr Fernandes: “Quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro para os oprimidos”.
Abre os olhos, Folha!