Na manhã desta segunda-feira (24), o Levante Popular da Juventude realizou um protesto em frente à residência de José Antônio Nogueira Belham, um ex-general reformado do Exército Brasileiro e acusado de cometer crimes durante a Ditadura Militar. 

A manifestação teve como objetivo denunciar sua participação na tortura, sequestro e morte do ex-deputado federal Rubens Paiva.

Foto: Reprodução Júnior Lima/ Levante Popular da Juventude

Belham esteve à frente do DOI-Codi do 1º Exército, no Rio de Janeiro, entre novembro de 1970 e maio de 1971, sendo apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como responsável por associação criminosa, fraude processual, tortura, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Seu nome foi um dos indiciados pela Comissão Nacional da Verdade, instaurada para investigar crimes cometidos pelo regime militar.

O Levante Popular da Juventude já havia realizado, em 2012, uma série de escrachos contra torturadores do período ditatorial, cobrando a implementação da Comissão da Verdade. O grupo destaca que, apesar dos avanços na apuração dos crimes da Ditadura, a luta por justiça continua.

O novo protesto ocorre em meio à repercussão do filme “Ainda Estou Aqui”, que retrata os impactos da Ditadura Militar até os dias de hoje e reacende pautas a serem debatidas, como os crimes da época, como o ‘desaparecimento forçado e ocultação de cadáver’. 

Os manifestantes protestam e defendem que esses crimes não sejam enquadrados na Lei da Anistia (Lei 6.683/1979) e exigem que militares envolvidos em graves violações de direitos humanos sejam expulsos das Forças Armadas, e com isso, acabem perdendo todos os seus benefícios da carreira militar.

Além disso, o grupo critica a chamada “Bolsa-Torturador”, que remunera militares envolvidos em crimes contra a humanidade. 

Outro ponto destacado no protesto foi a relação de Maria de Fátima Campos, esposa de Belham, com o ex-presidente Jair Bolsonaro, para quem trabalhou como assessora parlamentar entre 2003 e 2013, quando ele ainda era deputado. Para os manifestantes, essa conexão é uma evidência clara entre agentes da Ditadura e setores políticos que atacaram a democracia em atos recentes.

O Levante Popular da Juventude ressalta que seu compromisso é com a memória, verdade e justiça, e segue mobilizado para que crimes cometidos no passado não fiquem impunes.

Torturadores de todo o país, ainda estamos aqui! Convidamos toda a juventude e toda a sociedade brasileira a se levantar por justiça. Não esqueceremos, não descansaremos até que haja justiça para Rubens Paiva e para todos e todas que morreram lutando por democracia, aqueles e aquelas que foram de aço em tempos de chumbo. Não descansaremos até que todos os torturadores sejam devidamente responsabilizados pelas atrocidades que cometeram. Somente com justiça poderemos construir uma sociedade efetivamente democrática e superar, sem esquecimento e sem perdão, um dos períodos mais sombrios da nossa história”, declarou o Levante Popular da Juventude.

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Last Update: 24/02/2025