O youtuber de extrema-direita Wilker Leão, membro do Movimento Brasil Livre (MBL) e conhecido por suas provocações políticas nas redes sociais, foi suspenso por 60 dias de duas disciplinas do curso de História da Universidade de Brasília (UnB). A suspensão foi motivada por Wilker gravar aulas sem autorização e expor professores e colegas em suas redes sociais.
Leão, que também é advogado e cabo do Exército, justifica sua presença na universidade afirmando que deseja “combater narrativas ideológicas” que, segundo ele, predominam no curso. Em vídeos publicados em suas redes, ele critica abertamente temas abordados em sala, como direitos humanos e racismo, e alega que as universidades públicas promovem “doutrinação de esquerda”.
Quem é Wilker Leão
Wilker Leão já era conhecido antes de ingressar na UnB. Em 2022, ele viralizou após um embate com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “tchutchuca do Centrão”. O episódio terminou com o youtuber sendo empurrado e quase tendo seu celular tomado pelo ex-presidente.
Desde então, ele se tornou figura recorrente em manifestações políticas, usando suas redes para confrontar apoiadores de Bolsonaro e criticar políticas públicas. Atualmente, seu canal no YouTube conta com mais de 885 mil inscritos, e seus vídeos frequentemente alcançam milhões de visualizações.
Na UnB, o comportamento de Leão tem gerado atritos constantes. Professores e alunos reclamam das gravações de aulas sem permissão, distorcendo falas e expondo participantes de debates acadêmicos ao ridículo nas redes sociais. Uma professora registrou boletim de ocorrência por difamação, após ser alvo de comentários de ódio online.
A reitoria da universidade declarou apoio aos professores e estudantes afetados e abriu uma investigação formal para apurar as denúncias.
A associação de docentes da UnB (ADUnB) também anunciou que estuda ações judiciais contra Leão, incluindo pedidos de indenização por danos morais e possíveis sanções disciplinares. Além disso, o Centro Acadêmico de História decidiu, por unanimidade, expulsá-lo de eventos, debates e das instalações do grupo.
O youtuber se defende afirmando que é vítima de perseguição. “Se você pensar de maneira divergente, como eu tenho feito, será perseguido de todas as formas. Eu sou ou não uma vítima desse autoritarismo?”, declarou. Ele promete recorrer das decisões da universidade.
Em vídeos, Leão admite que edita as gravações para aumentar o alcance nas redes, mas nega que isso implique manipulação dos fatos. Colegas, entretanto, relatam que suas ações têm prejudicado o andamento das aulas. “Várias discussões importantes foram interrompidas porque ele desviava o foco para temas que rendem conteúdo nos vídeos dele”, afirmou um estudante.
O uso de imagens sem consentimento viola a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que exige autorização prévia para esse tipo de material. A UnB reforçou que a prática também infringe os direitos autorais de professores e materiais pedagógicos utilizados nas aulas.
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o caso, enquanto cresce a pressão para que a universidade tome medidas mais duras. Paralelamente, Wilker Leão continua a produzir conteúdo, mantendo-se como uma figura polarizadora no ambiente acadêmico e nas redes sociais.
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