Um ataque com faca em Haifa, no norte de “Israel”, deixou um colono sionista de 70 anos, Hassan Dahamsha, da cidade de Kafr Kana, morto e quatro feridos na manhã da última segunda-feira (3), em plena estação central de ônibus da cidade ocupada. O responsável foi identificado como Yitro Shaheen, um jovem druso de 20 anos da cidade de Shfaram, que segundo o jornal israelense Haaretz, teria descido de um ônibus gritando “Allahu Akbar” – frase árabe que significa “Deus é Grande” – e esfaqueou indiscriminadamente quem estava no local, até ser assassinado por um segurança.

O ato, ocorrido no início do Ramadã, foi saudado como “heroico” por organizações revolucionárias palestinas como o Hamas, a Jiade Islâmica e também o movimento oriundo do Fatá, Movimento Mujahideen Palestino. As forças revolucionárias classificaram o heroismo de Shaheen como resposta legítima aos crimes da ocupação israelense em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém (Al-Quds). O homem morto, Dahamsha, por outro lado, integrava um dos setores mais nazistas da sociedade israelense, responsável por serem a linha de frente dos ataques da ditadura sionsita contra o povo palestino na Cisjordânia.

Dahamsha era um colono de 70 anos

Entre os feridos, estão um homem e uma mulher na casa dos 30 anos e um adolescente de 15 anos, todos em estado grave, além de uma idosa de 70 anos com ferimentos moderados, segundo serviços médicos israelenses. Ainda segundo o Haaretz, pairam dúvidas sobre a morte de Dahamsha, se foi causada diretamente pelo esfaqueamento ou por disparos do segurança, que também podem ter atingido um dos feridos.

O ataque expôs, mais uma vez, a fragilidade do aparato de segurança sionista, que não conseguiu impedir a ação apesar do estado de alerta elevado no início do mês sagrado muçulmano. Segundo testemunhas, Shaheen desembarcou do ônibus vindo de Shfaram e atacou primeiro três pessoas na estação, antes de avançar para um posto de controle, onde apunhalou Dahamsha no pescoço.

O segurança presente no local reagiu e matou o jovem, enquanto a polícia mobilizou forças para “proteger” a área, numa tentativa de conter o pânico entre os colonos. A Jiade Islâmica destacou que “a determinação do povo palestino em responder aos crimes da ocupação prova o fracasso do sistema de segurança do inimigo em alcançar sua ilusória segurança”, reforçando que tais ações são inevitáveis diante da violência colonial.

O Movimento Mujahideen Palestino, por outro lado, saudou o ataque como “um novo golpe na inteligência e segurança do inimigo arrogante”, afirmando que “não há lugar seguro para os sionistas em nossa terra”. A ação, para os resistentes, é prova do “crescente espírito de luta” que desafia as tentativas de apagar a resistência palestina.

Autoridades sionistas tentaram minimizar o caráter político do ataque, alegando que Shaheen, reconhecido pelo Instituto Nacional de Seguro de “Israel” como portador de doença mental grave, agiu por motivos pessoais. O vice-prefeito de Shfaram, Faraj Khanifas, disse que “dois dos feridos são moradores da cidade, um deles druso”, e sugeriu que o caso não teria motivação nacionalista. As organizações palestinas, porém, rechaçam essa afirmação, apontando o ato como parte da luta contra a ocupação. A Jiade Islâmica sublinhou que “todas as campanhas militares do inimigo servem apenas para repressão, abuso e massacres”, enquanto o Mujahideen chamou os combatentes a “intensificar golpes qualitativos no coração da entidade usurpadora”.

O prefeito de Shfaram, Nahid Khazem, classificou o ataque como “crime desprezível” e disse que a família de Shaheen é “completamente normal”, mencionando que o jovem, com cidadania alemã, voltou da Alemanha há um mês. Já o comissário de polícia Danny Levy afirmou que as forças estão preparadas para o Ramadã, mas o ataque evidencia o contrário. Benjamin Netaniahu, primeiro-ministro israelense, emitiu condolências hipócritas à família de Dahamsha, enquanto o embaixador alemão em “Israel” Steffen Seibert manifestou-se no X, condenando o que chamou de “ataque terrorista covarde”. Para a Resistência Palestina, trata-se de justiça: um colono, símbolo vivo da política genocida do sionismo, foi alvo da ira acumulada por décadas de ocupação.

O Hamas, a Jiade Islâmica e o Movimento Mujahideen conclamaram o povo palestino na Cisjordânia, Al-Quds e territórios ocupados em 1948 a “escalar o confronto” durante o Ramadã. O Mujahideen exaltou “os heróis que enfrentam a opressão e arrogância sionista”, insistindo que “a ocupação só será detida por força e mais resistência”. A Jiade Islâmica, por sua vez, declarou que “é a jiade da vitória ou do martírio”, enquanto o establishment sionista segue em crise, incapaz de conter a revolta que brota em resposta à sua política de apartheid e extermínio.

Principal partido da Revolução Palestina, o Hamas declarou “abençoar” o heroísmo do jovem militante da causa palestina. Abaixo, reproduzimos, na íntegra, a nota traduzida emitida pelo partido:

“Em nome de Alá, o Mais Gracioso, o Mais Misericordioso

A heroica operação de esfaqueamento em Haifa é uma resposta natural aos crimes da ocupação e uma confirmação de que a resistência continuará até seu fim.

Nós, do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), abençoamos a heroica operação realizada por um dos heróis do nosso povo na estação central de ônibus da cidade ocupada de Haifa na manhã desta segunda-feira.

Esta operação surge como uma resposta natural aos crimes contínuos da ocupação contra nosso povo na Cisjordânia, Gaza e Al-Quds, incluindo os assassinatos crescentes, a destruição e o deslocamento forçado nos campos de refugiados do norte da Cisjordânia, o cerco sufocante em curso em Gaza, os projetos destinados a esvaziar o Vale do Jordão de palestinos e a contínua profanação da Mesquita de Al-Aqsa.

Neste mês abençoado, o mês das vitórias e da jiade, chamamos nosso povo na Cisjordânia, Al-Quds e no interior ocupado a intensificar o confronto com o inimigo e engajar-se na resistência por todos os meios possíveis. A resistência continuará até a libertação da terra e dos santuários, a expulsão do ocupante e o estabelecimento de um Estado palestino independente com Al-Quds como sua capital.

Movimento de Resistência Islâmica – Hamas

Segunda-feira, 3 de Ramadã de 1446 Hijri

3 de março de 2025.”

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Last Update: 04/03/2025