
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi criticado nas redes sociais após compartilhar trechos de uma reportagem do “The New York Times” sobre o julgamento da trama golpista, omitindo críticas feitas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O repórter Jack Nicas, chefe da sucursal do jornal no México e um dos autores do texto, desmentiu a publicação e afirmou que o parlamentar deixou de fora pontos importantes do artigo.
“Eu escrevi essa matéria e, infelizmente, o Eduardo omitiu várias partes nesta postagem”, disse Nicas em resposta à publicação do deputado. O jornalista compartilhou gratuitamente o texto completo, que inclui críticas tanto a Bolsonaro quanto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Na postagem de Eduardo, o trecho destacado indicava que o STF ampliou seus próprios poderes para enfrentar as ameaças representadas por Bolsonaro, inclusive conduzindo investigações quando o tribunal era a própria vítima. Porém, o parlamentar omitiu que o artigo também detalha os ataques de seu pai à democracia, incluindo ameaças a juízes, questionamentos às eleições, insinuações de golpe militar e a difusão de notícias falsas.
Eu escrevi essa matéria e, infelizmente, o Eduardo omitiu várias partes nesta postagem.
Aqui está o que nós escrevemos. E você pode ler a matéria completa gratuitamente aqui: https://t.co/9zJMEYW9LA https://t.co/r5dL7buJ9E pic.twitter.com/7k3YBEwWCm
— Jack Nicas (@jacknicas) September 1, 2025
O texto do “The New York Times” ainda ressalta que, para muitos brasileiros e observadores internacionais, o julgamento é um marco histórico. O jornal compara o caso ao dos Estados Unidos, que não conseguiram levar Donald Trump a julgamento pelas tentativas de se manter no poder após a derrota eleitoral, destacando que o Brasil estaria diante de um processo inédito contra um ex-presidente.
Segundo o artigo, as ações do ministro Alexandre de Moraes incluíram ordens de busca, bloqueios de redes sociais e prisões preventivas, medidas que permitiram a transição de poder mesmo diante da recusa de Bolsonaro em reconhecer a derrota. O jornal pondera, no entanto, que tais medidas levantam um debate sobre até que ponto representam um risco autoritário ou a defesa de uma democracia em perigo.
A reportagem conclui que o Brasil atravessa um momento de reflexão sobre os limites do Judiciário e da democracia. O “The New York Times” afirma que o país está diante de “perguntas desconfortáveis” sobre sua própria trajetória institucional. Moraes, alvo das críticas de Eduardo e peça central no processo, não quis conceder entrevista ao jornal.