Jornalismo estratégico em ação

por Reynaldo Aragon*

O jornalismo progressista brasileiro já provou sua força em momentos decisivos da nossa história recente. Agora, diante da maior ofensiva da extrema-direita e da guerra híbrida em curso, ele precisa dar um passo adiante: organizar-se, ganhar método e assumir plenamente seu papel como trincheira indispensável da democracia. Este artigo é uma contribuição humilde, mas firme, para indicar caminhos realistas de ação, disciplina e cooperação.

A urgência do momento

O Brasil atravessa um momento histórico em que a democracia está novamente sob cerco. Desde 2016, vivemos um processo contínuo de desestabilização institucional que combina golpes parlamentares, lawfare, desinformação industrial e o uso das redes digitais como campo de batalha. O que se desenha para 2026 não é apenas mais uma eleição, mas um confronto decisivo entre democracia e fascismo, entre soberania popular e tutela autoritária. Nesse cenário, o jornalismo progressista não pode ser apenas espectador: ele precisa assumir, com método e consciência, a condição de linha de frente da resistência democrática.

Se em 2015 e 2016 as redações independentes, coletivos e jornalistas comprometidos com a democracia foram a infantaria que defendeu a presidenta Dilma e denunciou os abusos do golpe, em 2022 desempenharam papel vital para que Lula pudesse ser eleito novamente, garantindo a sobrevivência de um projeto democrático diante de um governo desastroso e criminoso. Mas hoje o ecossistema vive dilemas sérios: falta de recursos, esgotamento das equipes, dependência das plataformas digitais e uma sensação difusa de desorientação diante da ofensiva organizada da extrema-direita nacional e internacional.

Ao mesmo tempo, o campo progressista carrega uma responsabilidade imensa. Não há outro ator social com a mesma capacidade de traduzir a luta política em informação acessível, conectar as bases populares à disputa nacional e denunciar, de forma sistemática, as engrenagens da guerra híbrida que ameaça o país. O jornalismo progressista é, na prática, a trincheira mais capilar e dinâmica da democracia brasileira. E se essa trincheira falhar, abre-se um vazio que será imediatamente ocupado pelas forças do fascismo.

Por isso, este artigo não é mais uma reflexão sobre a crise da comunicação. É um chamado estratégico para reorganizar, capacitar e transformar o jornalismo progressista em um instrumento de combate real e efetivo. Um chamado para assumir que, diante da guerra híbrida, a neutralidade é cumplicidade, a dispersão é fraqueza e a hesitação é derrota. O que está em jogo não é apenas a sobrevivência de veículos independentes, mas a própria possibilidade de o Brasil continuar sendo uma democracia.

Diagnóstico do ecossistema progressista

O ecossistema progressista de mídia no Brasil é, ao mesmo tempo, uma das maiores fortalezas democráticas e um dos pontos mais vulneráveis da nossa luta. Ele foi fundamental nos momentos em que a grande imprensa atuou como braço de operações golpistas: nas denúncias contra a farsa da Lava Jato, na defesa da democracia diante do impeachment fraudulento de 2016, na resistência aos anos de terror informacional do bolsonarismo e na eleição de 2022, quando ajudou a mobilizar a base social contra a barbárie. Essa história de combatividade dá legitimidade e credibilidade únicas às mídias independentes e aos coletivos progressistas.

Mas é preciso reconhecer com realismo os limites. Esse ecossistema vive de forma crônica subfinanciamento, sustentado por pequenas assinaturas, apoios individuais e parcerias frágeis. Enquanto isso, a extrema-direita e os grandes grupos empresariais de mídia contam com máquinas milionárias de propaganda, financiamento internacional, redes de think tanks e, sobretudo, os algoritmos das big techs que amplificam seu alcance. A assimetria de recursos é brutal.

Além da falta de dinheiro, há também problemas estruturais: dispersão de esforços, pouca coordenação entre veículos, rotinas de redação desgastadas, baixa capacidade de planejamento estratégico e dificuldade de falar com públicos fora da bolha já convertida. Muitas vezes, os veículos progressistas funcionam na base do voluntarismo e da garra militante, mas sem um método de ação coletiva que maximize o impacto.

Outro desafio é a dependência excessiva das plataformas digitais. O ecossistema progressista, assim como quase toda a mídia contemporânea, está preso a uma arquitetura informacional controlada por empresas que não têm compromisso algum com a democracia brasileira. Quando o algoritmo muda, quando há desmonetização arbitrária ou simplesmente quando o conteúdo progressista é invisibilizado, não há um plano alternativo robusto de distribuição. Isso gera insegurança permanente e fragilidade estrutural.

Apesar disso, o ecossistema carrega forças que não podem ser desprezadas. A principal é a confiança construída junto às bases sociais e à militância democrática. Enquanto a grande mídia corporativa é vista com desconfiança por amplos setores da população, os veículos progressistas carregam uma legitimidade que nasce da proximidade com a realidade do povo e da consistência em denunciar abusos de poder. Outra força é a criatividade: mesmo com poucos recursos, a capacidade de inovar em formatos, narrativas e linguagens sempre esteve presente.

Portanto, o diagnóstico é claro: trata-se de um campo poderoso em credibilidade, capilaridade e legitimidade, mas enfraquecido em financiamento, estrutura e coordenação. Se não superar essa condição, o risco é perder relevância justamente no momento em que o país mais precisa de um jornalismo progressista estratégico, organizado e ofensivo.

Ameaça real: a máquina da extrema-direita e o apoio externo

Enquanto o ecossistema progressista luta para sobreviver com recursos escassos, a extrema-direita opera com uma máquina de guerra informacional altamente financiada, profissionalizada e internacionalizada. Essa máquina combina três elementos fundamentais: capital, tecnologia e articulação global.

O primeiro elemento é o capital financeiro. Grupos empresariais nacionais, setores do agronegócio, elites ultraconservadoras e igrejas neopentecostais injetam recursos permanentes em veículos e influenciadores digitais de extrema-direita. Além disso, há forte entrada de financiamento externo, seja por meio de think tanks internacionais, seja por conexões diretas com setores políticos dos Estados Unidos e da Europa que enxergam no Brasil um laboratório estratégico da guerra cultural.

O segundo elemento é a tecnologia e os algoritmos. Plataformas digitais globais, controladas por big techs sem compromisso democrático, favorecem a circulação de conteúdos extremistas, sensacionalistas e desinformativos. Isso não é acidente: trata-se do próprio modelo de negócios baseado em engajamento, polarização e monetização do ódio. A extrema-direita aprendeu a explorar como ninguém essas brechas, dominando as técnicas de viralização, impulsionamento pago e redes coordenadas de bots e perfis falsos.

O terceiro elemento é a articulação global. O bolsonarismo não é uma anomalia isolada: ele faz parte de uma internacional de extrema-direita que conecta Steve Bannon, partidos neofascistas europeus, lobbies ultraconservadores e redes de desinformação transnacional. O Brasil, por sua dimensão e importância geopolítica, tornou-se um dos principais laboratórios dessa ofensiva, e o alvo é claro: destruir qualquer projeto de soberania democrática que confronte os interesses do imperialismo e do capital financeiro global.

Essa máquina não atua apenas em períodos eleitorais. Ela está permanentemente em operação, testando narrativas, alimentando o ódio, promovendo ataques contra jornalistas, intelectuais e instituições, e criando um clima de instabilidade crônica que corrói a confiança da população na democracia. Cada fake news, cada campanha de difamação, cada ataque coordenado nas redes faz parte de uma guerra de desgaste que prepara terreno para novas aventuras golpistas.

O risco para 2026 é óbvio: se o ecossistema progressista não se reorganizar, a extrema-direita entrará na disputa com uma engrenagem ainda mais forte, pronta para incendiar o país com mentiras, manipulação e violência simbólica. Não basta denunciar; é preciso construir uma estratégia capaz de enfrentar essa máquina no seu próprio terreno, sem perder a integridade democrática.

Princípios do novo jornalismo estratégico

Diante da assimetria brutal de recursos e da ofensiva permanente da extrema-direita, o jornalismo progressista só terá chance de vencer se assumir uma nova postura: deixar de ser reativo e fragmentado para se tornar estratégico, disciplinado e ofensivo. Isso exige uma mudança de mentalidade e de prática.

O primeiro princípio é a centralidade da verdade útil. Não basta apenas apurar corretamente os fatos, é preciso conectar cada informação ao seu significado político e social imediato. A notícia isolada não mobiliza; o que mobiliza é mostrar a consequência concreta do fato para a vida das pessoas e para a democracia. O jornalismo estratégico não abdica da verdade, mas compreende que a verdade precisa ser contextualizada para ter impacto.

O segundo princípio é a agilidade com método. A extrema-direita se aproveita da velocidade para impor narrativas falsas. O jornalismo progressista não pode competir apenas no tempo da reação improvisada. Precisa criar rotinas e protocolos que garantam rapidez sem abrir mão da qualidade. Isso significa estabelecer processos mínimos: reuniões curtas de avaliação, planos de resposta a crises, produção de formatos rápidos e linguagem acessível.

O terceiro princípio é a disciplina narrativa. Hoje, o maior déficit do ecossistema progressista não é de informação, mas de unidade no enquadramento. Enquanto a extrema-direita repete incessantemente seus frames — “corrupção”, “ameaça comunista”, “liberdade ameaçada” — o campo democrático dispersa-se em centenas de pautas sem linha unificadora. O jornalismo estratégico exige que construamos narrativas centrais, simples e populares, capazes de serem repetidas, multiplicadas e assimiladas pela sociedade.

O quarto princípio é o da cobertura por campanhas e não por pautas soltas. Cada crise ou acontecimento não pode ser tratado de forma episódica, mas como parte de uma batalha narrativa mais ampla. Uma investigação sobre desmatamento, por exemplo, precisa se articular a uma campanha contínua que ligue o tema ao futuro do país, ao impacto econômico e à soberania nacional. Essa mudança transforma a apuração em arma política legítima de defesa da democracia.

Por fim, o quinto princípio é o da cooperação como condição de sobrevivência. Nenhum veículo progressista, por maior que seja, terá sozinho capacidade de enfrentar a máquina da extrema-direita. A fragmentação é a maior fraqueza do campo democrático. A coordenação, ainda que mínima, potencializa alcance, otimiza recursos e cria a sensação de frente única, que é fundamental na guerra informacional.

Esses princípios não são teoria abstrata: eles são o alicerce para uma prática nova, possível e necessária. Eles transformam o jornalismo progressista de um conjunto de vozes dispersas em um exército de informação disciplinado, capaz de resistir e contra-atacar com eficácia.

Eixos de ação imediata

Para transformar os princípios em realidade, o jornalismo progressista precisa de eixos de ação claros, simples e aplicáveis, que não dependam de grandes recursos financeiros, mas sim de organização, disciplina e vontade política. Quatro eixos são decisivos e podem ser implementados já, sem esperar por condições ideais.

  1. Coordenação entre veículos progressistas

A cooperação não pode ser apenas retórica. É necessário criar um mínimo de articulação prática: partilha de pautas estratégicas, uso comum de dados e documentos, produção de campanhas editoriais conjuntas. Mesmo sem grandes estruturas, já é possível estabelecer consórcios temáticos ou ações coordenadas em torno de marcos políticos, como CPIs, crises ambientais ou eleições municipais. Uma frente editorial articulada multiplica o impacto de cada veículo.

  1. Formação contínua de jornalistas estratégicos

O jornalismo progressista precisa se enxergar como parte de uma guerra de longo prazo. Isso exige preparar suas equipes para operar em ambiente hostil, sob ataques coordenados e com recursos escassos. Investir em formações rápidas e práticas — em leitura de cenário, OSINT, narrativa popular, segurança digital e produção multiplataforma — cria uma geração de profissionais capazes de atuar como soldados informacionais. Essa formação pode ser feita em rede, com custo baixo, a partir do próprio ecossistema.

  1. Criação de protocolos mínimos

A improvisação é um luxo que não podemos mais ter. Cada redação, por menor que seja, precisa ter protocolos claros:

  • O que fazer diante de uma campanha de difamação?
  • Quem responde primeiro a um ataque coordenado?
  • Quais são as três mensagens-chave que precisam ser repetidas em cada crise?
  • Como transformar uma apuração em linguagem popular acessível?

Esses protocolos não exigem dinheiro, apenas método. Eles reduzem o improviso, aceleram a resposta e evitam erros estratégicos.

  1. Construção de uma narrativa central democrática

A guerra híbrida é, sobretudo, uma disputa de narrativa. O campo progressista não pode continuar fragmentado em centenas de microtemas sem ligação entre si. É preciso organizar uma narrativa central que una as lutas — contra o fascismo, pelo desenvolvimento nacional, pela soberania, pela democracia, pelo direito do povo a viver com dignidade. Cada reportagem, cada vídeo, cada postagem deve reforçar esse fio narrativo, como tijolos de uma mesma construção.

Esses quatro eixos não são propostas de longo prazo, mas condições mínimas de sobrevivência. Se implementados de forma disciplinada, podem reorganizar o ecossistema já nos próximos meses e criar as bases para a grande batalha de 2026.

Ferramentas possíveis mesmo sem recursos

A maior ilusão que paralisa o ecossistema progressista é a ideia de que sem grandes financiadores nada pode ser feito. Essa crença interessa apenas aos adversários, porque naturaliza a impotência. A verdade é que, em uma guerra assimétrica, a criatividade, o método e a disciplina podem ser mais decisivos do que o dinheiro. Existem ferramentas e práticas que qualquer redação, coletivo ou jornalista independente pode adotar já, com custo mínimo.

  1. Rotinas curtas e eficientes

Uma reunião diária de 20 minutos, focada em avaliar o cenário, identificar riscos e alinhar a pauta, já muda completamente a agilidade da resposta. Essa prática simples transforma o improviso em método, sem exigir nenhuma infraestrutura além de uma chamada online.

  1. Pacotes editoriais repetíveis

Criar formatos fixos e de rápida produção é chave para manter consistência com poucos recursos. Exemplos:

  • Explicadores curtos em vídeo (90 segundos) para redes sociais;
  • “3 pontos que importam hoje” em texto curto ou áudio;
  • Cards com linha do tempo simples de eventos;
  • Guias de 5 passos voltados para o cidadão comum. Esses formatos, quando repetidos, economizam energia criativa e constroem identidade editorial.
  1. Comunidades como rede de distribuição

O maior capital do jornalismo progressista é a confiança da sua audiência. Transformar leitores e apoiadores em distribuidores ativos — via listas de transmissão, grupos de WhatsApp/Telegram ou newsletters — multiplica o alcance sem depender apenas dos algoritmos das big techs. Um conteúdo bem estruturado pode chegar a milhares de pessoas por cadeias comunitárias de confiança.

  1. Ferramentas digitais gratuitas ou baratas

Hoje existe um arsenal de softwares de baixo custo que podem fortalecer o ecossistema: plataformas de colaboração (como pads e drives livres), sistemas de monitoramento de redes de código aberto, editores de vídeo e imagem gratuitos, ferramentas de clipping e alertas automáticos. O importante é montar uma pilha tecnológica mínima, estável e compartilhada, em vez de depender exclusivamente das plataformas comerciais.

  1. Inteligência coletiva de baixo custo

Um grupo de jornalistas pode dividir entre si o monitoramento de temas-chave e produzir relatórios coletivos semanais. Isso reduz esforço duplicado, amplia a cobertura e gera uma visão de cenário compartilhada. Esse tipo de cooperação é mais valiosa do que qualquer software caro de análise de dados.

Essas ferramentas, quando articuladas, mostram que não é falta de dinheiro que impede o ecossistema de se fortalecer, mas falta de método e de prioridade estratégica. Ao assumir a disciplina e a inteligência criativa como eixo central, o jornalismo progressista pode transformar escassez em vantagem, operando com flexibilidade, rapidez e legitimidade.

Chamado à responsabilidade histórica

A história colocou sobre os ombros do jornalismo progressista uma responsabilidade que não pode ser ignorada. Nenhuma outra força social tem hoje a mesma capacidade de traduzir a luta política em informação acessível, de conectar o cotidiano do povo às engrenagens do poder e de denunciar as operações que corroem a democracia por dentro. Se sindicatos, movimentos sociais e partidos cumprem seu papel nas ruas e nas instituições, cabe ao jornalismo progressista organizar o campo simbólico da disputa — o território onde se decide o sentido dos fatos, onde a opinião pública é moldada e onde a extrema-direita busca fabricar consensos falsos.

Não se trata mais de escolher entre ser militante ou independente. A escolha que está posta é entre ser estratégico ou ser irrelevante. Quem se refugiar na neutralidade diante da ofensiva autoritária será cúmplice, ainda que involuntário, do avanço fascista. Quem se contentar em ser apenas reativo, denunciando crimes sem construir narrativas centrais, corre o risco de ser engolido pela avalanche de mentiras. O jornalismo progressista precisa assumir que está em guerra — não uma guerra convencional, mas uma guerra híbrida, travada na mente e no coração da população.

Esse chamado é também um alerta: o tempo é curto. 2026 já começou na disputa informacional. A extrema-direita não descansa, não negocia e não hesita. Ela opera todos os dias, em todas as frentes, preparando o terreno para um novo assalto ao poder. Se o campo democrático não reorganizar seu ecossistema midiático agora, quando chegar a hora decisiva, será tarde demais.

Por isso, o compromisso que se exige dos jornalistas e veículos progressistas não é apenas com a informação, mas com a própria democracia. Cada texto, cada vídeo, cada reportagem deve ser encarado como parte de uma batalha maior. A sobrevivência da democracia brasileira passa, inevitavelmente, pela capacidade do jornalismo progressista de se reinventar e agir como uma frente unificada de resistência e contra-ataque.

O jornalismo progressista como trincheira indispensável da democracia

Chegamos a um ponto em que já não há espaço para hesitação. A guerra híbrida em curso no Brasil não é um risco abstrato, mas uma realidade que molda diariamente a vida política, econômica e social do país. Ela não será vencida apenas com discursos institucionais, tampouco com a boa vontade das plataformas digitais ou com a neutralidade de uma imprensa que se diz “equilibrada”. Será vencida no terreno da disputa simbólica, onde a informação se transforma em consciência e a consciência se converte em ação coletiva.

Nesse terreno, o jornalismo progressista é mais do que uma voz: é uma trincheira. Uma trincheira construída com esforço militante, sustentada por confiança popular e forjada na resistência aos golpes, às campanhas de ódio e às tentativas permanentes de destruir a democracia brasileira. Essa trincheira não pode ruir agora, quando o inimigo se organiza em escala global para retomar o poder a qualquer custo.

O que propomos aqui não é um sonho distante, mas um caminho realista e urgente. Coordenar esforços, formar jornalistas estratégicos, adotar protocolos simples, construir narrativas centrais e usar ferramentas acessíveis — tudo isso está ao alcance de cada veículo, coletivo ou profissional comprometido com o país. Não é dinheiro que falta; é método, disciplina e clareza de missão.

Se o jornalismo progressista assumir de fato esse papel, será capaz não apenas de resistir, mas de conduzir a contraofensiva democrática. Será capaz de transformar cada reportagem em um ato de defesa da soberania, cada vídeo em um escudo contra o ódio, cada campanha editorial em um facho de luz contra a escuridão da mentira.

O futuro da democracia brasileira não será decidido apenas nas urnas, mas também no campo informacional. E nesse campo, o jornalismo progressista é — e precisa ser — a linha de frente. Porque sem ele, o fascismo avança sem obstáculos. Com ele, a democracia encontra sua voz mais clara, sua defesa mais firme e sua arma mais poderosa.

Link para acesso ao “Manual técnico do jornalismo estratégico”. 

*Reynaldo Aragon é jornalista especializado em geopolítica da informação e da tecnologia, com foco nas relações entre tecnologia, cognição e comportamento. É pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos em Comunicação, Cognição e Computação (NEECCC – INCT DSI) e integra o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Disputas e Soberania Informacional (INCT DSI), onde investiga os impactos da tecnopolítica sobre os processos cognitivos e as dinâmicas sociais no Sul Global.

Artigo publicado originalmente em Código Aberto.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: https://www.catarse.me/JORNALGGN “

Leia também:

Acompanhe as últimas notícias:

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 16/08/2025