A partir deste mês, os leitores terão novidades nas páginas da revista. Lígia Bahia, pesquisadora e médica sanitarista, passa a escrever mensalmente na coluna de Saúde, em revezamento com Drauzio Varella, Elnara Negri e o ex-ministro Arthur Chioro. Defensora da ciência e dos investimentos no SUS, Lígia Bahia tornou-se alvo de uma campanha infame do Conselho Federal de Medicina. A perseguição do CFM só honra a sua trajetória e biografia irretocáveis. Na seção de Economia, Adalberto Viviani, consultor de marketing e comunicação especializado em bens de consumo, falará, semanalmente, de quem produz e trabalha no Brasil, focado no mundo real que existe (e ele existe mesmo) fora da Avenida Faria Lima. Em Seu País, o cientista político Cláudio Couto, professor da Fundação Getulio Vargas, une-se às “veteranas” Maria Rita Kehl e Marjorie Marona. Em maio, a jornalista e escritora Cristina Serra passa a integrar o quarteto, um a cada semana, para analisar o Brasil. Na mesma seção, o jornalista Fred Melo Paiva promete muito humor em uma coluna dedicada à política e, quem sabe, ao futebol e à religião. Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, agregará uma vasta experiência em pesquisa de opinião e percepção dos anseios dos brasileiros. Com passagens marcantes pelas revistas IstoÉ e Época e pelo site El País Brasil, Pedro Marcondes é o novo repórter em São Paulo. Versátil e obcecado por furos, Marcondes tem no currículo um Prêmio Petrobras na categoria esportiva e foi finalista do Esso com uma série de denúncias de corrupção em contratos do Metrô de São Paulo. Neste momento, finaliza um livro sobre o doleiro Alberto Youssef, usado como biombo pelo ex-juiz Sergio Moro para justificar a Operação Lava Jato. As estreias reafirmam o compromisso de CartaCapital com o jornalismo e o pensamento crítico.

Da esquerda para a direita: Couto, Meirelles, Viviani e Melo Paiva – Imagem: Redes sociais
Arrecadação/ Peso nos cofres públicos
Desoneração da folha de pagamento pode gerar um prejuízo de 20 bilhões de reais em 2025, alerta a AGU

As medidas para compensar as perdas foram insuficientes – Imagem: Emanuela Sena/AGU
Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal, a Advocacia-Geral da União alerta para o risco de prejuízo de 20,23 bilhões de reais aos cofres públicos em 2025, devido à desoneração da folha de pagamento em 17 setores da economia e nos municípios brasileiros. O parecer da instituição foi anexado, na sexta-feira 28, aos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade que discute a prorrogação do benefício tributário.
A AGU afirma que, mesmo diante das medidas adotadas pelo governo federal para compensar a perda arrecadatória decorrente da isenção fiscal, a conta não fecha: “O conjunto de iniciativas totalizou uma arrecadação de 9,38 bilhões de reais em 2024, frente a um impacto negativo total da desoneração de 30,5 bilhões”. Em nota, o órgão acrescentou que o déficit previsto para este ano é de 20,23 bilhões de reais.
A prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia, sancionada em setembro de 2024, prevê a reoneração gradual da contribuição previdenciária entre 2025 e 2027. Entre as medidas compensatórias previstas estavam a atualização do valor de bens no Imposto de Renda e a devolução voluntária de recursos não declarados.
Terrorismo doméstico
Um homem de 52 anos foi preso, na sexta-feira 28, após tentar invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal no dia anterior e proferir ameaças contra ministros da Corte. Ele tentou pular os gradis do STF, mas foi contido por seguranças. Durante o cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão em sua residência, na cidade-satélite de Samambaia, a Polícia Civil do Distrito Federal encontrou materiais para a fabricação de uma bomba e bilhetes que confirmavam a intenção de um ataque violento.
São Paulo/ Revés na cruzada de Nunes
justiça declara inconstitucional decreto que proíbe mototáxi

Apesar da decisão, os serviços seguem suspensos na capital – Imagem: Micael Oliveira/Prefeitura de Maceió
A prefeitura de São Paulo não pode proibir a oferta de transporte de passageiros em motos, decidiu o juiz Josué Vilela Pimentel, da 8ª Vara da Fazenda Pública. Em despacho publicado na quarta-feira 26, o magistrado avalia que o decreto do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, é inconstitucional.
Pimentel reconhece que, segundo a legislação vigente, cabe ao Executivo planejar, executar e avaliar as políticas de mobilidade urbana, assim como regulamentar os serviços de transporte nas cidades. Observa, porém, que Nunes extrapolou suas funções: “O Município de São Paulo, ao invés de regulamentar o serviço, optou por sumariamente proibi-lo”.
Apesar da liminar concedida, os serviços de mototáxi permanecem suspensos. O magistrado concedeu um mandado de segurança para impedir a cobrança de multas pela Prefeitura, após um pedido da empresa 99 Tecnologia. A decisão sobre a liberação do transporte de passageiros por motos cabe ao Tribunal de Justiça, onde já tramita um processo sobre o tema.
EUA/ Guerra comercial
China, Canadá e México reagem a Trump e anunciam retaliações tarifárias

O republicano ignora o impacto inflacionário – Imagem:
Donald Trump esticou a corda em sua guerra tarifária e agora colhe as primeiras medidas de retaliação dos seus parceiros comerciais. Na terça-feira 4, começaram a vigorar as tarifas gerais de 25% impostas a produtos canadenses e mexicanos nos EUA. Além disso, Washington dobrou a taxação sobre todas as importações chinesas de 10% para 20%.
A reação veio a galope. Além de ingressar com uma reclamação na Organização Mundial do Comércio, Pequim impôs tarifas de 15% sobre produtos selecionados, como frango, trigo, milho e algodão, e incluiu 25 empresas estadunidenses sob restrições de investimentos e de exportação de insumos estratégicos. “Tentar exercer pressão máxima sobre nós é um erro de cálculo e um equívoco”, advertiu Lin Jian, porta-voz da chancelaria chinesa. “Se os EUA insistirem em travar uma guerra tarifária, guerra comercial ou qualquer outro tipo de guerra, a China lutará até o fim”.
Na mesma toada, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou uma tarifa de 25% sobre 20,8 bilhões de dólares em mercadorias importadas dos EUA. Os impostos permanecerão em vigor até que Washington elimine a taxação imposta ao Canadá. Trata-se de um aviso. Caso Trump não recue em sua guerra comercial, a medida retaliatória será estendida a 105 bilhões de dólares em produtos estadunidenses. Já Claudia Sheinbaum, presidente do México, prometeu anunciar até o domingo 9 uma série de medidas tarifárias em resposta à taxação dos produtos mexicanos.
A esperteza pode custar caro a Trump. De acordo com um relatório divulgado pelo Budget Lab da Universidade Yale, as taxas de importação nos EUA devem atingir a média mais elevada desde 1943. As novas tarifas podem custar até 2 mil dólares em gastos adicionais para as famílias norte-americanas, que já tiveram o poder de compra seriamente comprometido pelo avanço da inflação nos últimos anos. A obsessão tarifária do republicano também pode significar um crescimento econômico mais lento para o país.
Japão em chamas
Um devastador incêndio florestal forçou a evacuação de 4 mil habitantes da cidade de Ofunato, na costa leste do Japão. Até a manhã da terça-feira 4, as chamas haviam consumido 2,6 mil hectares, segundo a agência local de gerenciamento de desastres, tornando-se a maior queimada no país desde 1975, quando 2,7 mil hectares foram devastados em Kushiro, na ilha de Hokkaido. Embora esteja habituada a enfrentar um período de estiagem nessa época do ano, a região recebeu apenas 2,5 milímetros de chuva em fevereiro, a menor precipitação para o mês em mais de 20 anos.
Publicado na edição n° 1352 de CartaCapital, em 12 de Março de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’