Editorial da Folha de S.Paulo defende privatização da Caixa Econômica, Petrobras e Banco do Brasil. Imagem: Reprodução.

Em editorial publicado neste domingo (25), a Folha de S.Paulo manifestou-se a favor da privatização de três das maiores empresas estatais do Brasil: Petrobras, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. No texto, o jornal declarou que a manutenção dessas instituições sob o comando do Estado é custosamente e por interesses políticos e sindicais.

“Na década perdida de 1980, quando o país se viu impelido a reformar o Estado empresário ineficiente e concentrador de renda, parecia impensável a venda de companhias portentosas como a Embraer e a Vale; dos setores de telefonia e energia elétrica; da vasta e deficitária rede de bancos estaduais. Tudo isso foi feito —e com grande sucesso. O inconcebível hoje é que tais atividades e serviços públicos já tenham estado à mercê da ineficiência da gestão pública e das conveniências políticas dos governos de turno, em vez de regulados por agências autônomas e pela concorrência”, declara o veículo em um dos trechos.

A Folha publicou seu editorial pedindo a privatização das 3 gigantes na capa da edição impressa. Reprodução

“Petrobras e Caixa, especialmente, são assíduas no noticiário sobre aparelhamento e má gestão. Ajustes legislativos nos últimos anos trouxeram melhora da governança, sim, mas continuam sob assédio das forças reacionárias e intervencionistas à esquerda e à direita, sujeitos a retrocessos. O caminho a seguir é a privatização criteriosa, com modelos que incentivem a competição e regulação que salvaguarde os interesses dos consumidores. Há um trabalho de convencimento a fazer e um longo processo de conhecimento a ser aproveitado”, conclui o editorial.

A posição ultraliberal do veículo foi alvo de diversas críticas. Para Ricardo Capelli, ex-Secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil, estamos vivendo ‘tempos sombrios”. Em seu post no X (antigo Twitter), diz que a Folha quer “fazer o que nem a Ditadura teve coragem”.

“Querem fazer o que nem a Ditadura teve coragem. Destruir de vez o patrimônio nacional e a capacidade do Brasil construir seu próprio destino. Querem um país dirigido pelo rentismo parasitário. A Folha se rendeu à extrema direita neoliberal, rasgou sua história. Tempos sombrios”, publicou.

Gleisi Hoffman, deputada federal pelo Paraná e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, acusou o veículo de mentir grosseiramente, e que está a serviço de poderosos interesses, mas não do Brasil.

“As estatais brasileiras tiveram lucros somados de R$ 197 bi em 2023, dos quais R$ 49 bi foram para a União na forma de dividendos e participações. Petrobras, BB e Caixa foram responsáveis por R$ 170 bi desse lucro, e é justamente sobre estas três que a Folha, em seu editorial de capa, escancara a cobiça privatista no editorial desavergonhado deste domingo”, escreveu a presidenta do PT.

“Diante desses números, dizer que o conjunto das estatais seria “custosamente mantido” pelo Estado é mentira grosseira. Afirmar que as privatizações feitas pelos governos neoliberais foram “bem-sucedidas”, diante de descalabros com o serviço de energia de São Paulo ou de escândalos como o subfaturamento da Vale e da Eletrobrás é menosprezar o bom-senso.O entreguismo da Folha evidencia que o jornal está a serviço de poderosos interesses, mas não do Brasil”, concluiu Gleisi.

O deputado do Rio de Janeiro, Lindbergh Farias (PT), também usou suas redes sociais para se manifestar sobre o tema. Igualmente chamando o editorial publicado de mentiroso, afirma que “as estatais são lucrativas e deram retorno bilionário para a União em 2023”. Em seu texto, questiona a quem interessa, de verdade, privatizar as estatais, porque não seria de acordo – e nem benéfico – ao povo brasileiro.

“A Folha faz editorial mentiroso hoje para defender a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa. As estatais são lucrativas e deram retorno bilionário para a União em 2023. O editorial mente ao dizer que a maior parte do povo brasileiro é a favor das privatizações, que as privatizações no Brasil são um sucesso e que as empresas públicas são “custosamente” mantidas pelo Estado”, manifestou o parlamentar. “A Folha escancara os interesses privados sobre ativos estratégicos do país no setor de petróleo e gás e também no sistema financeiro. A quem interessa Petrobras, BB e Caixa privados? Certamente não é ao povo brasileiro. O editorial é uma clara afronta à nossa soberania e deve ser repudiado!”.

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Última Atualização: 25/08/2024