Desde a última quarta-feira (14), dia seguinte à publicação da Folha de S.Paulo alegando que Alexandre de Moraes usou o setor de combate à desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que presidia na época, como um “braço investigativo” de seu gabinete no STF (Supremo Tribunal Federal), começaram a circular rumores em Brasília.
O DCM apurou que as especulações indicavam que as informações utilizadas pelo jornal para tentar constranger o magistrado teriam sido vazadas pela Polícia Civil de São Paulo, estado governado pelo bolsonarista “moderado” (risos) Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A própria Folha confirmou essas informações, revelando que a maioria das mensagens “com pedidos informais” acessadas pelo veículo foram trocadas pelo juiz instrutor Airton Vieira, assessor de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, perito criminal que chefiava a AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE.
Nesta quinta-feira (15), uma reportagem revelou que o celular de Tagliaferro foi apreendido pela Polícia Civil de São Paulo em maio do ano passado, após sua prisão por violência doméstica. O aparelho foi lacrado, e esse registro consta no Boletim de Ocorrência lavrado em 9 de maio de 2023 na Delegacia Seccional de Franco da Rocha.
“Afirma o declarante que o referido aparelho é de uso pessoal e profissional de Eduardo, possuindo dois chips. O aparelho foi devidamente desligado nesta delegacia para preservar seu conteúdo, não possuindo o declarante a senha de acesso”, diz trecho do documento divulgado pela Folha.
“Entre o povo dos tribunais em Brasília já circulava a tese de que a polícia de São Paulo está envolvida nisso”, afirma uma fonte ao DCM.
O telefone só foi devolvido a Eduardo Tagliaferro seis dias depois, em 15 de maio. Embora o boletim de ocorrência afirme que o conteúdo do aparelho foi preservado, o jornal lembra que obteve acesso a diálogos do perito, que indicariam um “fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais”.
Essas mensagens não oficiais teriam o objetivo de ordenar a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral. Essa estratégia teria embasado decisões de Alexandre de Moraes contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.