Por Adilson Araújo, presidente da CTB

O jornal Folha de São Paulo, um porta-voz da direita neoliberal, publicou um editorial defendendo a entrega das estatais remanescentes, com destaque para as gigantes Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

O veículo, propriedade de uma tradicional família da burguesia paulista, faz uma apologia dos empreendimentos privados, comandados por grandes capitalistas nativos e estrangeiros, e reitera o mantra da “ineficiência da gestão pública”, associada a “conveniências políticas dos governos de turno”.

EUA já descartaram neoliberalismo

O neoliberalismo fracassou, conforme explica o professor emérito da Fundação Getúlio Vargas, Luiz Carlos Bresser Pereira.

Este fracasso é reconhecido hoje até mesmo pelos EUA, onde o neoliberalismo teve sua mais famosa e perniciosa tradução programática: o chamado Consenso de Washington.

Ou seja, a alma do programa de incentivo à indústria da Casa Branca, a solução que preconiza para reverter a decadência, é “Estado na veia”, como diria a ex-presidenta Dilma Rousseff.

O Estado na maior economia do mundo

Voltemos os olhos para a China, a nação que produziu a experiência de desenvolvimento mais exitosa da história universal.

Os quatro maiores bancos do mundo (por ativos) são empresas estatais da grande potência asiática: Industrial and Commercial Bank of China (ICBC); China Construction Bank Corporation; Agricultural Bank of China e Bank of China LTD.

Muitos economistas sabem que o sistema financeiro centraliza a poupança ou o excedente econômico produzido pela sociedade e tem o poder de definir, em larga escala, o destino e a direção dos investimentos produtivos.

O controle estatal dos bancos permite ao Estado implementar uma política desenvolvimentista que já transformou a China na maior potência econômica do globo.

Lucro e tragédia

São muitos os malefícios das privatizações promovidas por governantes neoliberais, sejam estes provenientes do voto popular, como foi o caso do tucano Fernando Henrique Cardoso (o FHC), ou de um golpe de Estado, caso do usurpador Michel Temer.

Vou me limitar a citar os casos emblemáticos de duas grandes empresas privatizadas, Vale e Eletrobras.

Artigo de fé

Convém assinalar ainda que, ao contrário das promessas neoliberais, as privatizações não elevaram as taxas de investimentos e de crescimento do PIB.

Pelo contrário, o entreguismo provocou redução dos investimentos, desindustrialização, estagnação econômica e aumento do desemprego.

Por outro lado, as privatizações ampliaram os lucros dos tubarões capitalistas, contribuindo para maior concentração e centralização do capital, exacerbando as desigualdades.

Este último efeito é a razão que orienta o jornal da família Frias, mascarada com uma profusão de frases ocas e a satanização do Estado e da política.

O editorial da “Folha” dispensa os fatos, escarnece da realidade e carece de objetividade, é apenas mais um anacrônico artigo de fé neoliberal.

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Última Atualização: 26/08/2024