Por Jordan Michel-Muniz*

No século XX judeus sionistas colonizam a Palestina, embora lá vivesse há milênios outro povo.

Todo colonialismo é racista, supõe superioridade. Atacar o sionismo gera dupla reação: como lobos, sionistas ameaçam, furiosos, mas vestem-se de ovelhas do holocausto, rotulando críticos de ‘antissemitas’.

Semita não é raça, raça é conceito forjado para dominar, escravizar, explorar, matar: em suma, colonizar.

Semita é termo mítico religioso, unindo relato fantástico à crença sobrenatural, derivado de um filho do Noé bíblico, Sem, e nomeava povos de pele morena da Ásia Ocidental, como os palestinos. Judeus israelenses, em geral, são brancos.

Ainda que antissemita equivalha a antijudaico, isto difere de ser antissionista – contra a colônia judia na Palestina, e não implica ódio a judeus, diz o judeu Norman Finkelstein. Judeus merecem respeito como qualquer povo, nem menos, nem mais.

A Bíblia alerta para os “que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, por dentro, são lobos devoradores” (Mateus, 7:15), advertência para pensar duas questões: se em teoria a colonização sionista poderia ser benigna, e se na prática ela fez bem aos palestinos.

Ou seja, primeiro, se em tese o lobo pode cuidar da ovelha, e, segundo, se ele de fato é útil a ela. Em teoria, fundada na história, não há boa colonização, pois esta cria apartheids, rouba e explora com violência genocida.

Nunca há vantagens para o colonizado, embora europeus chamem morticínio e pilhagem de atos civilizadores. Feroz e terrorista é o colono, não o ‘selvagem’, nem o palestino. O colono elimina o nativo com racismo, rebaixa-o a animal inumano, como Israel classifica palestinos.

“O racismo resume e simboliza a relação fundamental que une colonialista e colonizado”, diz Albert Memmi, concordando com Frantz Fanon e Aimé Césaire que colonialismo é uma forma de fascismo.

Na prática, desde o Mandato Britânico (1920) sionistas faziam vítimas. Em 1948 criam Israel, instauram o apartheid, matam 15.000 palestinos, ocultam cadáveres, expulsam outros 750.000, roubam terras, casas e bens – na limpeza étnica de Al Nakba, A Catástrofe.

Apesar de tantos crimes, sionistas têm apoio de governos europeus e dos EUA, com neocolonialismo e velho racismo: financiam Israel criando caos para saquear petróleo e demais riquezas. Se queriam purgar sua culpa na matança nazista, por que o Estado judeu não é na Europa?

O colono é lobo devorador, o colonizado, sua ovelha. Mas em Israel o colono posa de ovelha ameaçada, alardeia holocausto único, porém colonização e holocausto andam juntos, da África, Américas, Ásia e Oceania à Palestina.

Holocausto era sacrifício feito por antigos hebreus, incinerando vítimas.

Desde 2023, Israel bombardeou dezenas de hospitais incinerando pacientes, Desde 2023, Israel bombardeou dezenas de hospitais incinerando pacientes, trucidou 84.000 palestinos, um terço, crianças, outro, mulheres e idosos.

O número de desaparecidos é similar, soterrados onde havia cidades, e há 142.000 mutilados e feridos.

Matam os famintos nas filas para alimentos, e criarão enorme campo de concentração, quem entrar não sairá, quem recusar, será morto. Gaza já é a maior prisão do mundo, 73% refugiados da Nakba.

‘USrael’ também bombardeia o Líbano, Iraque, Síria e Irã, com armas da OTAN.

Indignada por Israel “matar de fome a milhões de pessoas e disparar contra crianças por esporte”, em “novo abismo da crueldade”, Francesca Albanese, relatora especial da ONU para Direitos Humanos na Palestina, vê nazismo.

Terrorista é o colono sionista, invasor que saqueia, mata e expulsa os donos da terra, que decepa oliveiras centenárias para estrangular a economia palestina, que enche de concreto poços d’água, que impede a agricultura de subsistência, e tantos outros crimes do terror sem fim.

“Não confunda a reação do oprimido com a violência do opressor”, disse Malcolm X.

Ser contra o sionismo é opor-se ao apartheid genocida, neonazista, racista, colonialista. Todo humano decente deve ser contra o sionismo, ou estará do lado dos opressores.

*Jordan Michel-Muniz é ativista social, mestre e doutor em filosofia pela UFSC, e pesquisa temas ligados à geopolítica, democracia e injustiças

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Last Update: 26/07/2025