O jogador de futebol Miguelito, atleta do América-MG, foi preso acusado de ter agredido um adversário com ofensas racistas na partida de domingo 4, contra o Operário-PR. O jogo foi disputado na cidade paranaense de Ponta Grossa e era válido pela Série B do Campeonato Brasileiro.
Miguelito, que é boliviano, foi detido pela Polícia Civil do Paraná (PCPR) e aguarda audiência de custódia, que deve ser realizada nesta segunda-feira 5.
O episódio aconteceu durante o primeiro tempo da partida, quando o Operário vencia por 1 a 0 (que acabou sendo o placar final do jogo). O atacante Allano, do time paranaense, disse ter sido agredido com a expressão “preto do caralho”. O capitão do Operário, Jacy, estava perto do local e confirmou ter ouvido a ofensa.
Diante da denúncia, o árbitro Alisson Sidnei Furtado interrompeu a partida, seguindo o protocolo antirracista da CBF, sinalizando a decisão com o gesto dos braços cruzados na altura do peito em forma de “X”. O jogador, porém, não foi punido. A partida foi retomada após 15 minutos e Miguelito foi substituído no intervalo.
Após o fim do jogo, os envolvidos foram levados a uma delegacia. Além de Miguelito e Allano, foi ouvido o jogador Jacy, cujo depoimento foi determinante para a Polícia determinar a prisão.
Na súmula oficial da partida, o árbitro relatou a denúncia feita por Allano, mas disse que “nenhum integrante da equipe de arbitragem no campo de jogo viu e/ou ouviu tal incidente”. Ainda assim, diante dos relatos, foi tomada a decisão de interrupção do jogo, seguindo o que determina o protocolo.
A PCPR informou que busca imagens que ajudem a elucidar o caso. A partida foi transmitida pelo canal ESPN, mas, no momento da agressão alegada, Miguelito está de costas para a câmera, e, com isso, não é possível realizar leitura labial.
Em nota, o Operário afirmou que está buscando as imagens e outros elementos para confirmar a denúncia e disse que vai tomar “todas as medidas cabíveis diante da gravidade da situação”.
Representantes da direção do América-MG permaneceram em Ponta Grossa para prestar assessoria jurídica a Miguelito. O clube não se posicionou oficialmente sobre o caso até a publicação deste texto.