
A dobradinha entre o advogado de defesa e Augusto Heleno é do jogo, é da lei, porque o general se negou a responder perguntas de Alexandre de Moraes e de Paulo Gonet.
Mas é um teatro da pior qualidade. Agora entendemos por que o advogado queria chegar mais tarde hoje. Para ensaiar melhor as perguntas e as respostas com o general.
Quem vê Heleno depondo, com certa candura, sabe que não está ali um vovô de 77 anos alheio a tudo o que aconteceu na armação do golpe.
Sabe que Heleno, por ser réu, está sendo julgado como um dos chefes militares do golpe. Sabe que, se o golpe tivesse prosperado, esse vovô tão doce seria hoje outra figura bem menos suave e cordial.
Nós todos sabemos que, se a turma de Heleno tivesse vencido, na eleição ou no golpe, esse vovô seria hoje outro homem, com outro tom de voz, num país sob controle absoluto de adoradores de torturadores.
E sabemos também que eles podem parecer frágeis, encolhidos e resignados, mas ainda não desistiram.