Nesta segunda-feira (08), Joel Pinheiro da Fonseca estreou como comentarista da GloboNews. Na sua primeira análise, o colunista, que teve passagem pelo “jornalismo” neonazista da Jovem Pan, comentou o resultado da eleição legislativa na França e defendeu que o partido Rassemblement National (Reunião Nacional), de Marine Le Pen, não é de extrema-direita por não querer “solapar a democracia”, entre outras bobagens.
Liberal ao estilo Milei, Joel ficou famoso em 2020, quando defendeu no Twitter a compra e venda de órgãos humanos. “A ideia básica de um mercado de órgãos (não-vitais) é que, podendo vender, a oferta de órgãos seria muito maior, e isso reduziria drasticamente a fila dos transplantes, evitando muitas mortes. Além disso, a pessoa que vendeu o órgão sai com um bom dinheiro em mãos”, escreveu.
Marine Le Pen é filha e herdeira política de Jean-Marie Le Pen, neonazista declarado, vilão caricaturesco da política francesa durante décadas à frente do partido Frente Nacional. Antissemita e negacionista do Holocausto, incitava o ódio racial e defendia o uso de tortura na Guerra da Argélia.
Começou a evitar certas polêmicas e focou em conceitos abstratos, como o “islamismo fundamentalista” para disfarçar a xenofobia. Durante suas três candidaturas à presidência, a maior vergonha política foi sua incapacidade de defender um plano para deixar a zona do euro, não questões de guerra cultural que marcaram o mandato de seu pai.
Marine Le Pen tentou vender seu partido como um veículo “nacionalista”, afastando os seguidores de Jean-Marie. Em 2015, mumificou o pai e, em 2018, mudou o nome do partido para Rassemblement National.
O debate sobre a classificação da RN como extrema-direita apareceu durante a estreia de Joel Pinheiro na GloboNews. Ao contrário de Marcelo Lins, Joel Pinheiro crê que o partido de Le Pen abandonou o extremismo. Trago o argumento de Joel pois creio que ele é exemplar de um… pic.twitter.com/P99HOoBbjo
— Jeff Nascimento (@jnascim) July 8, 2024
A transformação de Le Pen atingiu um marco quando ela participou de uma marcha contra o antissemitismo em 2023. Conseguiu separar sua imagem da de seu pai e trocou o ódio a judeus por muçulmanos. Suas propostas políticas são distintamente antimuçulmanas e ela está cercada por gente que prega a teoria conspiratória da “Grande Substituição”, segundo a qual os brancos europeus serão substituídos por imigrantes pretos e pobres.
Marine Le Pen pertence ao mesmo grupo no Parlamento Europeu que o Alternativa para a Alemanha (AfD) e frequentemente aparece com aliados fascistas na Itália. Embora tenha conseguido limpar em grande parte a reputação de seu partido, nunca repudiou completamente o legado de seu pai. Para muitos franceses, especialmente muçulmanos e estrangeiros, uma presidência de Le Pen seria uma ameaça.
Ela se prepara para uma nova candidatura à presidência em 2027, sua última. Aos 95 anos, Jean-Marie Le Pen afastou-se da vida pública, e a relação pessoal entre pai e filha está mais forte do que nunca. Mas o Joel prefere espalhar que Marine é a nova Branca de Neve e o mundo é feito de anões burros.
