O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, é um exemplo vivo do fracasso da política do “mal menor”. Eleito em 2020 como um suposto “mal menor” diante da reeleição do republicano Donald Trump, Biden se tornou a prova viva do fracasso dessa política. Em quatro anos de governo, Biden se revelou não apenas como extremamente incompetente, como também inacreditavelmente sanguinário.
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Em julho de 2021, sete meses após a sua posse, Biden bombardeou a Somália, iniciando, assim, sua série de crimes de guerra. A operação foi mais um desdobramento da chamada “guerra ao terror”, a guerra genocida iniciada no governo do republicano George Bush.
No mês seguinte, o Talibã expulsaria as tropas norte-americanas no Afeganistão, pondo fim a 20 anos de ocupação. A vitória espetacular dos afegãos acabou trazendo à tona todo o caráter criminoso da ocupação norte-americana, que foi levada adiante pelos republicanos e também pelos democratas, incluindo Barack Obama e o próprio Joe Biden.
E por falar em sanção, Biden não retirou uma única sanção imposta por Donald Trump ao Estado Operário de Cuba. Nem mesmo a ridícula inclusão de Cuba na lista de países que financiam o terrorismo.
Após os afegãos se levantarem contra uma guerra que deixou milhões de mortos, a resposta de Joe Biden foi aumentar o efetivo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para garantir que nenhum outro país se levantasse contra a sua política colonial e genocida.
O governo Biden tem sido, desde o primeiro momento, o grande patrocinador da guerra da OTAN contra o povo russo. Uma guerra que vai muito além do próprio enfrentamento militar. Afinal, para tentar derrotar os russos, o governo norte-americano passou a impulsionar uma campanha de censura em todo o mundo, praticamente banindo toda a imprensa russa na Europa e até mesmo excluindo a equipe russa dos Jogos Olímpicos.
Quando Biden parecia já haver chegado em seu ápice em termos de política genocida e contrarrevolucionária, eis que, em outubro de 2023, o Estado de “Israel” inicia sua guerra contra o povo palestino. Biden não apenas garantiu todo o sustento do Estado sionista, com dinheiro e armamentos, como também pressionou todos os países do mundo para que não se voltassem contra o assassinato de mais de 20 mil crianças.
Mais recentemente, Biden colocou em marcha um golpe de Estado na Venezuela, mobilizando, para isso, a sanguinária extrema direita venezuelana, conhecida por queimar pessoas vivas.
É impossível calcular a quantidade de mortes que Biden carrega nas costas. Em apenas quatro anos, seu governo foi diretamente responsável por duas guerras de grande proporções, assassinando milhares de pessoas, destruindo a infraestrutura de países e transformando a censura em regra.
Junto às guerras declaradas, Biden também organizou uma grande quantidade de golpes de Estado. Somente na América Latina, podemos citar: o golpe no Peru, contra Pedro Castillo, a eleição de Javier Milei, na Argentina, a eleição de Nayib Bukele, em El Salvador, e os golpes no Equador, que resultaram na ditadura de Daniel Noboa.
O histórico de maldades de Biden, no entanto, vai muito além do período em que chefiou a Casa Branca. Biden era o vice-presidente dos Estados Unidos durante outro governo genocida: o do democrata Barack Obama (2013-2016). Foi neste governo, por exemplo, que aconteceu o golpe de Estado de 2016, notoriamente orquestrado pelo Departamento de Estado norte-americano.
Na época, Biden afirmou que o golpe “obedeceu a Constituição” e que, embora tenha sido uma das “maiores mudanças políticas” na América Latina, receberia pleno apoio do governo norte-americano. Joe Biden ainda reforçou que “os EUA continuarão trabalhando estreitamente com o presidente Temer”.
Foi também no governo Biden que ocorreu outro golpe importante: o Euromaidan. Em 2014, o governo norte-americano, como ficaria comprovado nas declarações da secretária de Estado para Assuntos Europeus dos EUA, Victoria Nuland, organizou milícias fascistas para derrubar o governo local, que tinha uma posição menos hostil à Rússia.
Entre os crimes que Obama levou adiante em seu governo, também está o assassinato de grandes lideranças nacionalistas. Entre elas, Osama Bin Laden e Muammar al-Gaddafi. Quando o último foi covardemente assassinado, após uma série de bombardeios orquestrados pelo imperialismo norte-americano e pelo imperialismo europeu, Biden disse: “o importante é que ele sumiu” e que “o povo líbio se livrou de um ditador”.
Biden assinou embaixo de todos os crimes de Obama não por acaso. Não pelo simples fato de ser seu vice. Obama, na verdade, sempre foi, em grande medida, uma figura de fachada, um burocrata que foi utilizado pelo Partido Democrata para tentar recuperar um pouco a sua imagem já bastante comprometida. Biden, no entanto, é um antigo representante dos interesses do Departamento de Estado norte-americano.
Desde que se tornou senador, na década de 1970, Biden vem atuando como um agente direto dos interesses conspirativos do Estado norte-americano. Tanto é assim que, mesmo enquanto os republicanos governavam, ele foi escolhido como um dos principais articuladores dos Estados Unidos no que diz respeito à “guerra ao terror”. Biden não apenas apoiou as medidas ditatoriais do governo Bush, como efetivamente viajava com frequência para o Oriente Médio com o objetivo de garantir que os interesses do imperialismo prevalecessem.
Na revista The Atlantic, o escritor Mike Giglio fornece uma série de detalhes sobre a relação entre Biden e Nouri al-Maliki, o presidente fantoche do Iraque, imposto pelos norte-americanos. Segundo Giglio, com o passar do tempo, o sanguinário Maliki foi sendo visto como um paranoico, como uma pessoa de difícil de controle. Contudo, foi Biden quem bateu o pé e ordenou que mantivessem Maliki no poder.
Um brevíssimo histórico dos 50 anos de crimes de Joe Biden é mais que suficiente para prova a completa falência da política do “mal menor”. Os setores que hoje defendem Kamala Harris com a esperança de que isso irá deter a extrema direita estão, na verdade, defendendo que os mesmos bandidos que controlam o Estado norte-americano permaneçam no poder.