Foto: Ricardo Stuckert

Por Lays Furtado

Da Página do MST

Em um esforço colaborativo que marca a presidência brasileira do BRICS em 2025, o Conselho Popular do BRICS apresentou um documento final de recomendações para a Cúpula dos Líderes, neste domingo (6), após aprovação da síntese em sessão especial do Conselho, que aconteceu no Rio de Janeiro, durante dois dias de debates. O documento é a síntese do Fórum Popular do Conselho, após meses de elaboração que reuniram 120 organizações da sociedade civil dos 11 países que compõem o BRICS.

Desde a criação do Conselho Popular do BRICS, em 2024, essa é a primeira contribuição elaborada pelo grupo direcionada às lideranças do bloco. Entre as elaborações do documento designado como caderno de recomendações, estão: a construção de um regime global de saúde pública; estratégias não ocidentais para a educação; justiça climática e alternativas para o desenvolvimento sustentável; cultura e arte para a integração; sistema financeiro e monetário na multipolaridade; economia e soberania digital, inteligência artificial e governança; institucionalidade do bloco e respeito à soberania para a paz mundial.

O caderno de recomendações reflete o amadurecimento dos temas relevantes para sociedade civil e organizações populares dos países do bloco e foram construídos sob o critério de consenso para cada formulação. O Conselho Popular do BRICS oferece este trabalho como um conjunto de sugestões e recomendações aos chefes de Estado das nações do bloco. “Esperamos que a prática do diálogo entre governos e sociedade possa enriquecer cada vez mais as iniciativas de cooperação do bloco”, afirma o coletivo de conselheiros.

A síntese foi entregue neste domingo (6), durante a Cúpula dos Líderes do BRICS, pela representação dos conselheiros da delegação do Brasil, Rússia e África do Sul, composta por João Pedro Stedile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Victoria Panova, vice-reitora da Escola Superior de Economia da Universidade Nacional de Pesquisa (HSE University) e presidente do conselho de especialistas do BRICS russo; e Raymond Matlala, da Associação da Juventude dos BRICS da África do Sul (Sabya); onde a entrega do caderno de recomendações foi feita com o pronunciamento do conselheiro brasileiro como porta-voz do grupo.

Considerando a grave crise de governança ocidental, foi apontada a necessidade da criação de mecanismos novos de cooperação internacional para a salvação da civilização humana; e obter recursos institucionais para acabar com a pobreza, a fome e a desigualdade social. Outra proposta defendida é o fomento de projetos sociais impulsionados pelo Banco BRICS, e o desenvolvimento de uma Big Tech aberta que seja acessível a todos os povos do Sul Global. Para facilitar a integração e o desenvolvimento econômico dos países Sul Global, foi proposta a superação da dependência do uso de moedas ocidentais, e a defesa da tributação dos milionários.

“E nos somamos às declarações que o presidente Lula tem feito publicamente, de defender o ingresso de novos países nos países. E finalmente, queremos registrar a nossa voz, que devemos empreender todos os esforços do mundo e de forma urgente para salvar o povo palestino do genocídio, assim como condenamos todas as guerras, e em especial a agressão ao povo do Irã.” – declarou Stedile, durante a Cúpula dos Líderes.

Nos próximos meses, o Conselho Popular terá atividades em setembro, na África do Sul, onde haverá uma formação para consolidar os valores do BRICS com foco na juventude; em outubro, no Brasil, haverá uma Conferência Internacional do Conselho Popular dos BRICS com centenas de delegados dos países membros, para construir um plano de trabalho concreto a partir das contribuições apresentadas à Cúpula, fruto do trabalho deste primeiro semestre; e em novembro, na Rússia, ocorrerá novo encontro em continuidade às atividades do grupo.

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Last Update: 06/07/2025