No dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído pela ONU em 1972, presto uma homenagem especial ao grande fotógrafo, ambientalista e humanista Sebastião Salgado, que nos deixou recentemente. Com uma sensibilidade singular, Salgado transformou sua câmera em um instrumento de luta contra as desigualdades, preconceitos e crimes contra a humanidade e a natureza.

Seu trabalho capturou o êxodo de enormes contingentes deportados por guerras e invasões territoriais movidas pela ambição imperialista. No livro Da Minha Terra à Terra, suas imagens em preto e branco revelam trabalhadores e refugiados com uma dignidade profunda, despertando reflexões poderosas no leitor. Em suas jornadas fotográficas por paisagens intocadas, onde o ser humano convive em harmonia com a natureza, Salgado expressou seu amor à Terra, revelando sua grandeza e fragilidade. Com talento, generosidade e militância, ele soube usar a fotografia para unir arte e conscientização.

Ao longo de sua trajetória, Sebastião Salgado também se envolveu com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tornando-se um aliado da luta pela reforma agrária no Brasil. Seu livro Terra, publicado em 1997, contou com o prefácio de José Saramago e foi lançado em conjunto com o CD Terra, de Chico Buarque. Este projeto percorreu mais de 100 países, promovendo um diálogo global sobre a luta pela terra e a solidariedade entre os trabalhadores do mundo. A venda do livro contribuiu significativamente para a construção da Escola Florestan Fernandes, referência na formação política e social.

Mas Salgado foi muito mais que um fotógrafo: ele também deixou um legado ambiental extraordinário. Junto com sua esposa, Lélia Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra, dedicado à recuperação da Mata Atlântica. Transformaram a Fazenda Bulcão, antes degradada, em uma floresta vibrante, plantando mais de 2,7 milhões de árvores e restaurando cerca de 600 hectares de biodiversidade. Além de reabilitar ecossistemas, o instituto também fomenta a educação ambiental e o reflorestamento em larga escala.

Para Salgado, restaurar o ambiente era um gesto de amor à humanidade, e sua fotografia reflete essa visão—documentando a beleza e a fragilidade do planeta. Seu impacto transcendeu a arte, inspirando ações concretas pela preservação da natureza.

Neste momento, enquanto o Brasil se prepara para sediar a COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em novembro de 2025, em Belém, é essencial homenagearmos Sebastião Salgado e outros defensores do meio ambiente. O Papa Francisco, em sua encíclica Laudato Si’ (“Louvado Seja”), denuncia a degradação ambiental e propõe uma ecologia integral, unindo aspectos ambientais, sociais, econômicos e espirituais. Seu apelo por uma conversão ecológica ressoa em diversas lideranças, incluindo o Papa Leão XIV, que segue essa mesma linha de compromisso com a justiça ambiental.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se destaca entre os líderes comprometidos com a preservação ambiental. Após anos de descaso no governo anterior, Lula resgatou políticas essenciais, fortalecendo o Ministério do Meio Ambiente, retomando a fiscalização ambiental e reposicionando o Brasil como um protagonista na agenda ecológica global – o que resultou na realização da COP27.

O compromisso com o meio ambiente é, acima de tudo, um compromisso com a paz e o equilíbrio mundial. A preservação da água, do ar limpo e dos recursos naturais é fundamental para a qualidade de vida, evitando conflitos derivados da escassez. Práticas sustentáveis ajudam a reduzir desigualdades e fortalecer comunidades, pois o equilíbrio ecológico está diretamente ligado ao equilíbrio social.

João Daniel 
Deputado federal pelo PT em Sergipe
Presidente estadual do PT em Sergipe
Coordenador do Núcleo Agrário da Bancada do PT na Câmara dos Deputados

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 05/06/2025