Jeffrey Sachs diz que encontro de Trump e Putin carece de plano sobre o fim da guerra na Ucrânia

O economista e professor Jeffrey Sachs afirmou que a reunião marcada para ocorrer no Alasca entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está cercada por confusão, contradições e ausência de um plano claro para encerrar a guerra na Ucrânia. Em entrevista ao canal do professor Glenn Diesen, Sachs avaliou que o encontro poderia representar uma oportunidade real de paz, mas que a falta de coordenação e de coragem política limita as perspectivas de um resultado efetivo.

Segundo Sachs, Trump não apresenta uma visão estruturada sobre o conflito, não divulga documentos oficiais e governa com mensagens “curtas, ambíguas ou incorretas” nas redes sociais. Para o economista, esse ambiente é “caótico e perigoso” quando se trata de lidar com potências nucleares.

Críticas à condução dos EUA e da Europa
O professor destacou que Trump, no início do mandato, reconheceu que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) representava uma provocação contra Moscou, mas recuou diante de pressões internas e externas. Sachs afirmou que a política externa norte-americana é guiada por interesses do complexo industrial-militar e da CIA, e que ignora o desejo majoritário da população pelo fim da guerra.

Ele também atribuiu à Europa parte da responsabilidade pela escalada, citando a dependência estratégica de Washington e a ausência de uma postura autônoma. Sachs criticou líderes europeus por não dialogarem com Moscou e apontou apenas Viktor Orbán, da Hungria, e Robert Fico, da Eslováquia, como exceções. “Onde está um líder europeu que fale sobre as causas da guerra e proponha um sistema de segurança coletiva? Não existe”, disse.

Raízes do conflito e falhas diplomáticas
Sachs afirmou que a guerra na Ucrânia é consequência de décadas de políticas expansionistas dos EUA e da Otan, mencionando episódios como a intervenção nos Bálcãs, a retirada de tratados de controle de armas, o apoio a golpes de Estado e a recusa em implementar acordos de paz, como o de Minsk 2. Para ele, desde os anos 1990, Washington busca enfraquecer ou fragmentar a Rússia.

“Este conflito nunca deveria ter acontecido. É fruto da ampliação da Otan, do golpe apoiado pelos EUA em 2014 e do fracasso da diplomacia ocidental. Há muito mais agressões vindas do Ocidente do que de Moscou”, afirmou.

Expectativas para o encontro no Alasca
Apesar do tom crítico, Sachs acredita que a guerra poderia terminar rapidamente caso Trump anunciasse que a Otan não se expandirá e que cessarão provocações contra a Rússia. Ele defendeu negociações diretas entre Washington e Moscou, desconsiderando pressões do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e de líderes europeus.

“O presidente dos Estados Unidos deveria dizer a verdade e parar de jogar este jogo com uma guerra por procuração que já matou um milhão de ucranianos”, declarou.

Para o economista, a continuidade do conflito, mesmo com pesquisas indicando que a maioria das populações ucraniana e norte-americana é favorável a um cessar-fogo, resulta de uma “conspiração de poucos” ligada a interesses militares e estratégicos.

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