Muita maldade em um só pacote
Por Jair de Souza*
Ao assistir ao novo documentário do jornalista britânico Louis Theroux (vídeo acima), tive a sensação de que estava diante de uma peça que, embora não ultrapassasse em muito uma hora de duração, nos apresentava de modo cristalino um repasso de alguns dos principais fenômenos da história da humanidade.
Tenho dúvidas se devo considerar-me feliz por havê-lo visto, ou triste por tê-lo feito.
É que, infelizmente, a retrospectiva que nos vem à mente neste trabalho jornalístico nos traz de volta à memória algumas das fases mais tenebrosas pelas quais as sociedades humanas já trilharam ao longo dos séculos.
Assim que, num curto lapso de tempo, podemos sentir a persistência ainda em nossos dias de várias das mais abomináveis atrocidades que a perversidade humana foi capaz de engendrar.
É como se, em pleno século 21, tivéssemos a nossa disposição um laboratório para experiências práticas onde os horrores do colonialismo, do nazismo e do apartheid estivessem sendo novamente exercitados, para que o mundo todo pudesse conhecê-los de modo mais realístico. E tudo isto entrelaçado com o imperialismo da atualidade.
Por isso, muito mais valioso do que tentar expor em palavras toda a riqueza de informações contida no já citado documentário, gostaria de recomendar ardentemente que cada um o visse com atenção, refletisse sobre seu conteúdo e tratasse de divulgá-lo a quantos outros mais lhe seja possível.
O combate ao etnocentrismo racista, genocida e sociopata depende de que a vacina da consciência e do sentimento de humanidade esteja presente entre aqueles que lutam por um mundo justo e sem exclusivismo nacional ou étnico.
*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.
*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
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