Em uma manifestação histórica, a população de Jaguariúna participou de uma audiência pública que ocorreu no dia 19 de agosto na Câmara Municipal para expressar sua oposição à privatização do saneamento na cidade.
Durante a atividade, os moradores denunciaram o crime da privatização e a censura política imposta pelo prefeito Gustavo Reis, que ocorreu durante uma manifestação pacífica na rotatória do Cruzeiro do Sul no dia 15 de agosto. De acordo com relatos da população, o prefeito usou a Guarda Municipal para obrigar os participantes a removerem a faixa “A Água é do Povo”.
Também foram cobradas respostas às perguntas feitas na audiência pública de julho e que até hoje não foram respondidas. Várias intervenções reivindicaram que os vereadores se posicionem e instalem urgentemente uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar todas as irregularidades envolvidas no processo obscuro e com indícios de fraudes que resulta na decisão de licitar a concessão dos serviços.
Chamou a atenção a intervenção da vice-prefeita, que se declarou contra a concessão e a favor da criação de uma autarquia municipal, mas não se comprometeu com nenhum encaminhamento neste sentido.
Os presentes, nenhum favorável à privatização dos serviços de água e esgoto de Jaguariúna, deixaram claro que não vão recuar e seguirão lutando. Uma emenda de iniciativa popular à Lei Orgânica do Município deve ser a próxima iniciativa do movimento.
O caso de Itu (SP)
A obsessão pelo lucro às custas dos bens públicos e do sofrimento da população constitui é o que impulsiona gestores como o prefeito de Jaguariúna e o governador de São Paulo. No entanto, a história mostra que a privatização é um péssimo negócio. No município de Itu/SP, após uma década de privatização (2007-2017), a prefeitura da cidade reassumiu os serviços de água e esgoto, uma vez que a concessionária privada Águas de Itu não cumpria com as metas estabelecidas em contrato.
Sob a gestão da empresa privada, o saneamento em Itu foi marcado pela falta de transparência, aumento de tarifas, sucateamento de equipamentos e grave racionamento de água. Além disso, uma auditoria realizada na empresa revelou uma série de irregularidades, como a contratação indevida de empréstimos, inadimplência e captação de água em poços particulares.
A experiência amarga do município de Itu é mais uma clara demonstração da lógica capitalista que se faz presente na privatização do saneamento. Diante do descompromisso da empresa privada com a causa pública, a prefeitura inaugurou a CIS – Companhia Ituana de Saneamento, em 02 de fevereiro de 2017 para assumir a gestão do tratamento de Água e Esgoto do município. Assim, os serviços de saneamento voltaram para a gestão do poder público, buscando evitar os sucessivos descumprimentos de obrigações contratuais por parte da concessionária privada Águas de Itu.
Água é vida. Juntos na luta contra a privatização do saneamento em Jaguariúna!