A normalização do fascismo na Câmara dos Deputados foi abordada pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) nesta quinta-feira (12), em referência ao ataque etarista que sofreu de parlamentares bolsonaristas.
“Nós estamos vivendo um momento muito difícil. A normalização da truculência, a normalização do fascismo. Porque é isso que está acontecendo na Câmara: a normalização da defesa dos ricos do ponto de vista político, do autoritarismo e da ditadura. É uma coisa assustadora”, disse Valente à TV GGN nesta quinta-feira.
Segundo ele, a escalada de agressões e intolerância às regras democráticas está ligada à bolsonarização do Centrão e ao alinhamento da Casa às pautas dos super-ricos e do mercado financeiro, em detrimento dos interesses do povo.
Entenda o caso
Durante sessão no plenário na última quarta-feira, o deputado psolista elevou o tom e defendeu a prisão de Jair Bolsonaro e de todos os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado, apontando a agressividade da extrema direita como uma cortina de fumaça para esconder o desespero diante da iminente condenação dos golpistas.
“Eles precisam criar confusão para desviar a atenção do que realmente importa: os aliados e o advogado deles estarão na cadeia até setembro ou outubro. Bolsonaro na cadeia!”, sentenciou.
Ofendidos, deputados bolsonaristas partiram para cima de Valente. José Medeiros (PL-MT) reagiu com ataques etaristas e desprezou o parlamentar. “Existe um ditado que diz que canalhas também envelhecem. Apequenam o Parlamento. É valente no nome, mas não produz nada, só destrói”.
Para Valente, a violência é uma estratégia calculada. Como exemplo, o parlamentar citou o comportamento do deputado Gilvan da Federal (PL-ES), suspenso por ataques contra a ministra Gleisi Hoffmann. “Esse sujeito não tem controle. Anda com uma bandeira, faz o que quer e não respeita ninguém”.
A bolsonarização do Centrão
Segundo o deputado, o Legislativo virou instrumento da elite econômica e do autoritarismo. “Eles estão com o espírito de criar um caos social, bancado pela bolsonarização do Centrão. A Câmara está sob o comando do Hugo Motta, do [Davi] Alcolumbre, que fazem acordos e no dia seguinte rasgam tudo para atender o mercado. O rico, o super-rico, não quer pagar imposto no nosso país”.
Valente também relacionou a reação da extrema direita à decisão recente do STF, que responsabiliza as big techs pelo conteúdo de suas plataformas. “Eles precisam das fake news e dos algoritmos das big techs para tomar o poder. Por isso se descontrolaram.”
Na visão do deputado, o plano da extrema direita é eleger o maior número possível de parlamentares em 2026 para pressionar e desestabilizar os outros Poderes, especialmente o STF. “Eles estão criando uma ideologia para destruir o Judiciário. Vão atacar o Supremo, os movimentos sociais e o próprio Congresso, se for preciso. Estão empoderados por essa ideia”.
O deputado também não poupou críticas à grande imprensa, que segundo ele, finge defender a democracia, mas na prática se alinha ao receituário neoliberal e à escalada autoritária quando o tema é economia.
“A mídia brasileira finge ser democrata, mas na hora da economia segue unânime o receituário neoliberal. Veja a guerra do IOF por exemplo, povo sabe o que é IOF? Quem ganha com isso?”, indagou.
Assista à entrevista completa abaixo: