O Itaú Unibanco revisou suas projeções macroeconômicas nesta quarta-feira, 16, reduzindo a estimativa de inflação para 2025 e mantendo a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) com viés de baixa. A revisão considera os efeitos da desaceleração econômica global e o impacto da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

A projeção para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano foi reduzida de 5,7% para 5,5%. Segundo o banco, a revisão incorpora a expectativa de redução nos preços da gasolina nas refinarias e os efeitos da queda das commodities metálicas sobre os preços dos bens industriais.

“Ainda que os riscos permaneçam assimétricos, o viés é de baixa — reflexo de uma possível nova queda nos preços do petróleo e de commodities metálicas, caso a desaceleração global se intensifique. Por outro lado, os riscos de alta se concentram nos preços domésticos de commodities agrícolas, diante do aumento das exportações resultante da guerra comercial entre Estados Unidos e China”, avaliou o Itaú em relatório.

Para 2026, a projeção de inflação foi ajustada de 4,5% para 4,4%, refletindo menor inércia inflacionária. No cenário de atividade econômica, o banco manteve a estimativa de crescimento do PIB em 2,2% para 2025, mas com viés de baixa. A projeção para 2026 segue em 1,5%, com riscos considerados equilibrados.

“O recuo da projeção do PIB global e dos preços das commodities foi compensado pelo efeito positivo do novo crédito consignado privado. Com isso, apesar da manutenção da projeção, destacamos o viés de baixa, diante do elevado risco de desaceleração da atividade mundial”, explicou o banco.

O Itaú também apresentou estimativa para o desempenho da economia no primeiro trimestre de 2025, com crescimento de 1,6% na comparação com o trimestre anterior.

O resultado é atribuído à resiliência da atividade econômica e ao desempenho positivo do setor agropecuário, com expansão em todos os segmentos.

“A guerra comercial e seu impacto sobre o crescimento global corrobora nossa expectativa de desaceleração mais clara na segunda metade do ano”, afirmou o banco.

No câmbio, a projeção foi mantida: o dólar deve encerrar 2025 e 2026 cotado a R$ 5,75. Segundo o banco, o cenário reflete “a expressiva incerteza em relação ao cenário global”, marcada por mudanças na política comercial e impactos em fluxos financeiros internacionais.

A estimativa para a taxa Selic também foi mantida. O Itaú espera que a taxa básica de juros termine 2025 em 15,25% ao ano, após duas altas de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

No entanto, o banco reconhece menor convicção sobre a segunda alta, condicionando sua execução à evolução do cenário externo.

“A implementação da segunda alta depende da evolução do cenário internacional e seu impacto sobre a taxa de câmbio e os preços de commodities”, destacou a instituição.

O relatório analisa ainda os dois canais de impacto da guerra comercial no Brasil. Segundo o banco, o canal direto, via comércio exterior, tende a ser limitado, devido ao baixo grau de abertura da economia brasileira.

Já o canal indireto, via desaceleração econômica global, queda nos preços de commodities e movimentação de fluxos financeiros em um ambiente de maior aversão ao risco, pode ter efeitos mais significativos.

“O nosso cenário base considera algum grau de alívio externo, com negociação das tarifas, mas vemos riscos relevantes de escalada da guerra comercial, com retaliação e consequente recessão global, o que nos leva a adotar uma postura cautelosa nas projeções”, concluiu o Itaú.

O banco acompanhará os desdobramentos da política comercial entre as principais economias globais e seus reflexos sobre os mercados emergentes. A estratégia adotada pela instituição parte da premissa de continuidade da volatilidade externa e exige revisão contínua de parâmetros macroeconômicos.

As projeções são divulgadas em um contexto de incertezas crescentes na economia internacional, com impactos sobre os preços de commodities, cadeias de produção e confiança de investidores. O Itaú mantém a perspectiva de monitoramento das variáveis críticas para os próximos trimestres, com foco na adaptação a novos cenários.

Com informações da Reuters

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Last Update: 16/04/2025