O Ministério das Relações Exteriores apresentou um pedido formal de desculpas aos embaixadores de Burkina Faso, Canadá e Gabão, cujos filhos sofreram uma abordagem violenta da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Os embaixadores de Burkina Faso e do Gabão foram recebidos no Palácio do Itamaraty. O representante diplomático do Canadá não compareceu ao encontro, mas receberá a solicitação formal de desculpas.
“Na reunião, foi entregue em mãos dos embaixadores estrangeiros nota verbal com um pedido formal de desculpas pelo lado brasileiro, e o anúncio de que o Ministério de Relações Exteriores acionará o governo do estado do Rio de Janeiro, solicitando apuração rigorosa e responsabilização adequada dos policiais envolvidos na abordagem”, informou o Itamaraty.
O caso
O episódio aconteceu na última terça-feira e foi inicialmente divulgado pelo jornalista Guga Noblat. Além dos filhos de embaixadores, o grupo de jovens abordados pela PM do Rio tem dois brasileiros de pele clara. Todos com idades entre 13 e 14 anos.
Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento em que uma viatura policial se aproxima dos adolescentes e os agentes descem, com armas em punho, para iniciar a abordagem. Os meninos foram levados para dentro da área cercada do prédio onde entravam.
Segundo a mãe de um dos jovens brasileiros envolvidos, a abordagem violenta ficou restrita aos meninos estrangeiros negros. Ela disse que os garotos foram obrigados a tirar os casacos e mostrar que não carregavam algo próximo da região genital.
Ainda de acordo com o relato, os meninos brasileiros, poupados da violência, disseram aos policiais que se tratavam de filhos de diplomatas estrangeiros e que não falavam português. Os policiais teriam orientado os meninos a não andarem na rua, pois poderiam sofrer nova abordagem.
Em entrevista, a embaixatriz do Gabão no Brasil disse que espera ação da Justiça brasileira depois do episódio. “Como que você vai apontar armas para a cabeça de meninos de 13 anos, como que é isso?”
Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio afirmou que as imagens de câmeras corporais dos agentes serão analisadas para verificar eventuais excessos. A corporação disse ainda que os cursos de formação oferecidos aos agentes dão “prioridade absoluta” a disciplinas como Direitos Humanos, Ética e Direito Constitucional.