A escolha da CBF por Carlo Ancelotti como novo técnico da Seleção Brasileira foi alvo de deboche na Itália. O jornal Corriere dello Sport publicou uma manchete que escancara a ironia: “vendemos um refrigerador para os esquimós”. A expressão, usada desde 1904 nos EUA, significa oferecer algo desnecessário a quem já tem de sobra.
Para os italianos, o Brasil, maior campeão mundial de futebol com cinco Copas do Mundo, não precisava de um técnico estrangeiro. A decisão da CBF é vista como um ato de subserviência, um tapa na cara da tradição brasileira.
Ancelotti, de 65 anos, foi anunciado oficialmente em 13 de maio de 2025, conforme noticiou o inglês The Guardian. Ele deixa o Real Madrid após a última rodada da temporada espanhola, marcada para 25 de maio, e assume a Seleção Canarinho em 26 de maio.
É o primeiro técnico estrangeiro a comandar o Brasil desde 1925, um marco que quebra uma longa história de treinadores nacionais, produzidos pelo único futebol pentacampeão e que desde pelo menos os anos 1950, é o maior centro do futebol mundial. A CBF celebrou a chegada do italiano como o início de “uma nova era de sucesso”, mas a imprensa italiana não perdoou o que considera um sinal de fraqueza.
“La Seleção a Carlinho” estampou o Corriere dello Sport, destacando a “oficialidade federal” e o “passado glorioso” de Ancelotti, que venceu a Champions League cinco vezes – três com o Real Madrid e duas com o Milan. No entanto, a ironia é clara: para os italianos, é como se o Brasil, berço de gênios como Pelé, Zico e Tite, estivesse implorando por ajuda externa. A imprensa de lá debocha da CBF, que, impulsionada pela mídia brasileira – frequentemente acusada de “vira-latismo” –, abriu mão de sua identidade para contratar um europeu.
A decisão vem em um momento de crise, com a Seleção Brasileira enfrentando dificuldades desde a eliminação na Copa de 2022 e completando 20 anos desde a conquista da última Copa do Mundo. Ancelotti, com seu currículo invejável, é visto como uma aposta para a Copa de 2026, mas a escolha divide opiniões.
Enquanto a CBF exalta o italiano como “lenda”, a torcida questiona o motivo de não apostar em um técnico brasileiro. Nomes como Fernando Diniz, Vanderlei Luxemburgo e outros que brilham no futebol nacional, foram ignorados.
A ironia italiana expõe uma ferida aberta no Brasil: o complexo de inferioridade que faz o país, maior potência futebolística do mundo, se curvar ao imperialismo europeu. A CBF, ao contratar Ancelotti, parece ter esquecido que o futebol brasileiro não precisa de “refrigeradores” – ele já é o dono do gelo.