O premiê canadense Mark Carney condiciona o reconhecimento da Palestina a reformas e promete apoio à solução de dois Estados
Israel reagiu com dureza nesta quarta-feira (30) à decisão do Canadá de reconhecer oficialmente o Estado Palestino, considerando o gesto como uma recompensa ao grupo Hamas. A declaração veio através do Ministério das Relações Exteriores israelense, representado por Gideon Saar.
“A mudança na posição do governo canadense neste momento é uma recompensa para o Hamas e prejudica os esforços para alcançar um cessar-fogo em Gaza e uma estrutura para a libertação dos reféns”, afirmou Saar em comunicado divulgado na manhã de quinta-feira (31), horário local.
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A declaração israelense surge após o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, anunciar que seu país reconhecerá a Palestina como Estado soberano. Carney vinculou a decisão a um conjunto de reformas que, segundo ele, devem ser implementadas pela Autoridade Palestina, incluindo o fortalecimento da governança, a realização de eleições gerais em 2026, excluindo o Hamas, e o compromisso com a desmilitarização.
O primeiro-ministro canadense posicionou-se ao lado de outros líderes internacionais, como França e Reino Unido, que também defendem a solução de dois Estados e o fim do conflito na Faixa de Gaza. Em sua justificativa, Carney condenou a ação militar de Israel em Gaza, qualificando-a como responsável por permitir “uma catástrofe humanitária”.
Carney também destacou que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, teria garantido que as eleições, adiadas há anos, ocorrerão em 2026 e que o Hamas não terá participação no processo eleitoral.
A decisão do Canadá aumenta a pressão internacional sobre Israel em um momento delicado, quando o país já enfrenta críticas crescentes sobre sua conduta na Faixa de Gaza. A condenação israelense reflete a preocupação de Tel Aviv com o impacto que o reconhecimento precoce da Palestina pode ter sobre as negociações em andamento para um cessar-fogo e a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas desde outubro de 2023.
Com o anúncio canadense, soma-se a outros países que já reconhecem a Palestina como Estado, em um movimento que Israel vê como contraproducente para os esforços de paz na região.
Canadá anuncia reconhecimento do Estado Palestino na Assembleia da ONU
O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, anunciou nesta quarta-feira (30) que o país reconhecerá oficialmente o Estado Palestino durante a 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro. A decisão posiciona o Canadá ao lado de outros importantes aliados que têm defendido a solução de dois Estados para o conflito no Oriente Médio.
Segundo Carney, o reconhecimento está condicionado a um conjunto de reformas prometidas pela Autoridade Palestina. Entre os compromissos estão o reforço da governança, a realização de eleições gerais em 2026, excluindo o grupo Hamas, e a desmilitarização do futuro Estado.
“O Canadá pretende reconhecer o Estado da Palestina na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas”, declarou Carney. “Tencionamos fazê-lo porque a Autoridade Palestiniana se comprometeu a liderar as reformas tão necessárias.”
O anúncio canadense se soma às declarações recentes de outros líderes internacionais. O presidente francês, Emmanuel Macron, já havia afirmado que a França reconheceria a Palestina na mesma assembleia da ONU. O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, também sinalizou que seu país reconhecerá o Estado palestino caso Israel não tome medidas concretas para acabar com a situação humanitária na Faixa de Gaza.
Durante uma entrevista coletiva, Carney condenou veementemente a ação militar de Israel em Gaza, afirmando que o país “permitiu uma catástrofe” no enclave palestino. Ele destacou que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, garantiu que as eleições, adiadas há anos, ocorrerão em 2026 e que o Hamas não terá participação no processo.
“(Abbas) também se comprometeu a não militarizar o Estado da Palestina”, acrescentou o primeiro-ministro canadense.
A decisão foi tomada após Carney ter conversado com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, na terça-feira (29). Durante o telefonema, os dois líderes discutiram “o desastre humanitário e rápida deterioração em Gaza, bem como a declaração do Reino Unido sobre o reconhecimento de um Estado palestino”, conforme informado pelo gabinete do primeiro-ministro canadense.
O anúncio ocorre em um momento de intensa pressão internacional sobre Israel, especialmente após relatórios que indicam a continuidade de exportações de armas e munições canadenses para o país, apesar das restrições oficiais impostas pelo governo canadense desde janeiro de 2024. Ativistas e organizações não governamentais têm questionado a efetividade dessas restrições, alegando que equipamentos militares canadenses continuam chegando a Israel.