A agência de notícias Associated Press (AP) expôs, em matéria publicada neste sábado (24), o que já vem sendo denunciado desde o início da guerra genocida por portais de comunicação que apoiam a Palestina: que “Israel” usa palestinos como escudos humanos de forma sistemática.
A AP entrevistou dois soldados israelenses que admitiram a prática criminosa, bem como citaram um terceiro soldado entrevistado pela ONG israelense Breaking the Silence, cujo objetivo é dar aos militares e reservistas israelenses, na ativa e na baixa, um meio de relatar confidencialmente suas experiências nos territórios ocupados.
A agência informa que os soldados “disseram que os comandantes estavam cientes do uso de escudos humanos e o toleravam, com alguns dando ordens para fazê-lo”. AP acrescenta que “os soldados — que disseram que não estão mais servindo em Gaza — disseram que a prática acelerou as operações, economizou munição e poupou cães de combate de ferimentos ou morte”.
Segundo eles, as forças de ocupação chamam a prática de utilizar palestinos como escudos humanos de “protocolo mosquisto”, e acrescentam que os palestinos também eram chamados de “vespas” e outros termos desumanizantes.
Eles também declararam que a prática se generalizou em meados de 2024, que frequentemente recebiam ordens de seus comandantes para “trazer um mosquito” e que todos os soldados sabiam o que isto significava – trazer um palestino para ser utilizado como escudo humano. Os comandantes também diziam que eles poderiam “pegar um [palestino] nas ruas” para utilizar como escudo humano.
Um dos soldados declarou que participou da invasão de Gaza durante nove meses e que, durante todo esse tempo, “cada unidade de infantaria usava um palestino para limpar as casas antes de entrar”, conforme noticiado pela AP. O criminoso de guerra declarou que “assim que essa ideia foi lançada, ela se espalhou como fogo no campo” e que os invasores “viram como era eficaz e fácil”.
Falando sobre a prática, o diretor da Breaking the Silence informou que “esses não são relatos isolados; eles apontam para uma falha sistêmica e um colapso moral terrível”.
Ao serem utilizados como escudos humanos, os palestinos são enviados a prédios e túneis para verificar se há explosivos ou combatentes palestinos.
Nesse sentido é o depoimento de Abu Hamadan. Ouvido pela AP, o palestino informou que foi sequestrado em agosto no norte de Gaza, após ser separado de sua família. Os invasores israelenses o forçaram, por 17 dias, a revistar casas e vasculhar cada buraco no chão em busca de túneis utilizados pela resistência.
Ele declarou também que os israelenses o bateram e o ameaçaram de morte caso não aceitasse ser escudo humano: “eles me bateram e disseram: ‘você não tem outra opção; faça isso ou nós vamos te matar’”.
O palestino acrescenta que os israelenses só entravam nos prédios após ele ter vasculhado e verificado que estava “limpo”, uma demonstração da covardia dos israelenses perante os combatentes palestinos.
Hamadan igualmente informa que ele era mantido confinado em um quarto escuro todas as noites, apenas para acordar e fazer tudo de novo.
Outro palestino ouvido pela AP foi Masoud Abu Saeed, usado como escudo humano por duas semanas em março de 2024 na cidade de Khan Iunis, sul de Gaza. A agência informa que ele foi forçado a entrar em casas, prédios e um hospital para desenterrar túneis suspeitos e limpar áreas e que, em determinada operação, se deparou com seu irmão, que também estava sendo utilizado como escudo humano por outra unidade israelense.
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Os sionistas também utilizam mulheres: é o caso de Hazar Estity, sequestrada pelos invasores israelenses em novembro de 2024 e forçada a filmar o interior de vários apartamentos e limpá-los antes que as tropas entrassem, mesmo após ter implorado para que não a separasse de seu filho de 21 meses.
A AP ouviu sete palestinos, tanto de Gaza como da Cisjordânia, que relatam que os palestinos são usados sistematicamente como escudos humanos pelas forças israelenses de ocupação.
Após a publicação reconhecendo a prática criminosa dos sionistas, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) publicou nota denunciando que “o uso de palestinos como escudos humanos pelo exército de ocupação, como seus soldados admitem, é um crime de guerra que expõe o colapso moral do inimigo”.
O partido, que lidera a resistência palestina, declarou que a notícia “representa mais uma evidência de que esse exército fascista cometeu crimes de guerra e violações sistemáticas do direito internacional” e que “as confissões dos próprios soldados, juntamente com as posições da organização Quebrando o Silêncio, que afirmou que essas práticas são generalizadas e não isoladas, confirmam que o exército de ocupação está se envolvendo nas formas mais hediondas de exploração criminosa de prisioneiros e civis”, o que constitui “um flagrante crime de guerra”. Leia abaixo, na íntegra, a nota do Hamas:
“Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso
Comunicado de imprensa
O uso de palestinos como escudos humanos pelo exército de ocupação, como seus soldados admitem, é um crime de guerra que expõe o colapso moral do inimigo.
A reportagem da Associated Press, que documentou — com depoimentos de soldados e oficiais do exército de ocupação — a perpetração de crimes hediondos pelas forças de ocupação sionistas, usando civis palestinos como escudos humanos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, sob ordens explícitas de altos líderes militares, representa mais uma evidência da prática de crimes de guerra e violações sistemáticas do direito internacional por esse exército fascista.
Esta investigação e os depoimentos chocantes que contém sobre palestinos sendo forçados a entrar em prédios, revistar túneis e se posicionar diante de soldados e seus veículos durante operações militares não representam incidentes isolados. Em vez disso, revela uma política sistemática e deliberada que reflete o colapso moral e institucional dentro das fileiras desse exército terrorista.
As confissões dos próprios soldados, juntamente com as posições da organização Quebrando o Silêncio, que afirmou que essas práticas são generalizadas e não isoladas, confirmam que o exército de ocupação está se envolvendo nas formas mais hediondas de exploração criminosa de prisioneiros e civis. Isso constitui um flagrante crime de guerra proibido pelo Direito Internacional Humanitário, pelas Convenções de Genebra e por todas as convenções internacionais”.