Israel transforma recuo provisório em ocupação ampliada durante plano de Trump

O chefe do Exército israelense, Eyal Zamir, declarou neste domingo (7) que a chamada Linha Amarela — prevista no plano de cessar-fogo negociado por Donald Trump — tornou-se “uma nova fronteira” para Israel, ao afirmar que o país “controla grande parte da Faixa de Gaza” e “permanecerá nessas linhas”.

A afirmação escancara a conversão de uma zona temporária em limite territorial de fato e acende o alerta para o risco de que o plano norte-americano se transforme, na prática, em instrumento de perda permanente de território palestino.

Durante visita às ruínas de Beit Hanoun e Jabalia, Zamir disse a soldados que a Linha Amarela funciona como “linha avançada de defesa para as comunidades e linha ofensiva” das forças israelenses.

Ele ressaltou que Israel “não permitirá a reconstituição do Hamas” e que manterá posições militares em áreas que hoje representam mais da metade de Gaza, consolidando um controle territorial que deveria ser temporário sob os termos do cessar-fogo.

A declaração de Zamir ocorre no momento em que avança a implementação do plano de cessar-fogo negociado por Donald Trump em outubro, que estabeleceu a Linha Amarela como o limite provisório para o recuo das tropas israelenses durante a fase inicial do acordo.

Segundo o cronograma aprovado em novembro pelo Conselho de Segurança da ONU, Israel deveria manter-se temporariamente atrás dessa linha até a chegada de uma força internacional de estabilização, responsável por assumir a segurança do território e permitir a retirada gradual das FDI.

Em vez disso, Israel vem reforçando posições ao longo do traçado — expandindo postos de observação, instalando barreiras de concreto e deslocando unidades militares — e imagens de satélite mostram que parte desses marcos ultrapassa a delimitação originalmente negociada com Washington.

O Egito reagiu defendendo a implantação imediata da força internacional de estabilização prevista no acordo de cessar-fogo. 

Em intervenção no Fórum de Doha no último sábado (6) o chanceler Badr Abdelatty — cujo país participou das negociações do plano ao lado dos Estados Unidos e do Catar — afirmou que a presença de observadores independentes é essencial para verificar o cumprimento da trégua, já que “um dos lados, que é Israel, viola o cessar-fogo diariamente e afirma que o outro lado é o responsável”. 

Segundo ele, a transição para a segunda fase do plano, que prevê o recuo gradual das tropas israelenses e a instalação de uma administração provisória internacional, não poderá avançar sem esse monitoramento. 

Abdelatty também reiterou que o Egito não permitirá que a passagem de Rafah seja usada “como porta para deslocamento ou expulsão de pessoas de sua pátria”, criticando o fato de que Israel mantém fechado o portão gazense mesmo com a fronteira operando de forma contínua pelo lado egípcio.

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