As Forças Armadas de Israel estariam intensificando os preparativos para um possível ataque a instalações nucleares do Irã, mesmo com negociações diplomáticas em curso entre Teerã e Washington.

A informação foi divulgada pela emissora norte-americana CNN e repercutida pela agência TASS nesta terça-feira, 21, com base em fontes ligadas à administração dos Estados Unidos.

Segundo a reportagem, interlocutores com acesso a informações da inteligência dos EUA apontam que a possibilidade de uma ofensiva israelense aumentou substancialmente nos últimos meses. Uma fonte consultada declarou: “A chance de um ataque israelense a uma instalação nuclear iraniana aumentou significativamente nos últimos meses.”

A mesma fonte ressaltou que a retomada de um eventual acordo entre Estados Unidos e Irã, semelhante ao negociado durante o governo de Donald Trump, poderia contribuir para essa escalada. O acordo mencionado não exigiria a eliminação total do estoque de urânio do Irã, o que, segundo a fonte, “torna a possibilidade de um ataque ainda mais provável”.

Apesar das movimentações, ainda não há confirmação de que o governo israelense tenha tomado uma decisão definitiva.

De acordo com a CNN, os dados de inteligência disponíveis nos Estados Unidos não indicam conclusivamente que um ataque esteja em estágio final de planejamento.

No entanto, movimentações de armamentos aéreos e a conclusão de exercícios militares recentes por parte das Forças de Defesa de Israel são vistas por analistas como possíveis indícios de preparação.

A emissora norte-americana indica que tais ações podem estar associadas a uma estratégia de dissuasão. Nesse cenário, o objetivo seria aumentar a pressão sobre o Irã para que Teerã aceite restrições adicionais em seu programa nuclear. Um dos pontos centrais das discussões envolve o nível de enriquecimento de urânio, tema de atrito constante entre os dois países.

Negociações diplomáticas seguem em paralelo aos alertas de confronto

Mesmo com a crescente tensão, autoridades diplomáticas iranianas e norte-americanas continuam conduzindo diálogos indiretos com mediação do governo de Omã.

Quatro rodadas de conversas já foram realizadas desde abril. O primeiro encontro ocorreu no dia 12 daquele mês, em Mascate, capital de Omã, seguido por nova reunião no dia 19, em Roma. Outras duas rodadas foram realizadas em Mascate, nos dias 26 de abril e 11 de maio.

As tratativas envolvem o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, e o enviado especial da presidência dos Estados Unidos, Steve Witkoff. Segundo informações do jornal The Wall Street Journal, o jornalista Lawrence Norman afirmou que uma quinta rodada está prevista para ocorrer entre os dias 24 e 25 de maio, também em Roma.

Os encontros mantêm o foco na tentativa de reduzir tensões relacionadas ao programa nuclear iraniano, que continua sendo motivo de impasse no cenário internacional.

Enquanto o governo iraniano sustenta que suas atividades têm finalidade pacífica, Israel e os Estados Unidos demonstram preocupação quanto ao volume de urânio enriquecido e à limitação do acesso de inspetores internacionais às instalações iranianas.

A ausência de garantias sobre o alcance do programa e a desconfiança em relação aos propósitos das atividades nucleares alimentam a possibilidade de um confronto. O tema permanece como um dos principais focos de instabilidade na região do Oriente Médio.

Cenário permanece indefinido

O atual estágio das negociações diplomáticas e a falta de confirmação sobre uma ação militar imediata mantêm o cenário em aberto. A avaliação de fontes norte-americanas é de que a movimentação israelense pode representar tanto uma preparação efetiva quanto uma tentativa de obter vantagens diplomáticas.

O uso de operações militares como ferramenta de pressão não é inédito no histórico da relação entre Israel e Irã. Contudo, segundo analistas ouvidos pela CNN, qualquer ofensiva direta contra instalações nucleares representaria uma ruptura significativa e implicaria riscos de escalada para além da região.

O impasse envolvendo o programa nuclear do Irã também afeta o posicionamento de outros atores internacionais. A União Europeia e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) têm defendido uma solução negociada, enquanto China e Rússia acompanham os desdobramentos com reservas.

As ações israelenses, combinadas ao andamento das conversações diplomáticas, indicam uma dinâmica marcada pela sobreposição de ameaças militares e esforços de diálogo. Com uma nova rodada de negociações agendada, a expectativa é de que os próximos dias tragam indícios mais claros sobre a trajetória do confronto diplomático e militar envolvendo os dois países.

A possibilidade de uma ofensiva permanece condicionada à evolução dos diálogos em curso e à avaliação estratégica por parte do governo de Israel. Até o momento, não há indicação pública de um cronograma ou decisão final.

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Last Update: 21/05/2025