Na madrugada do dia 18 de março, as forças armadas israelenses realizaram mais de 100 bombardeios contra a Faixa de Gaza, matando mais de 400 pessoas, a ampla maioria de mulheres e crianças. Em seguida, os militares israelenses reocuparam o corredor Netzarim, que divide a Faixa de Gaza ao meio. As milícias Al-Qassam, ligadas ao Hamas, não foram afetadas.
A retomada dos ataques genocidas em Gaza está relacionado com o objetivo de promover uma limpeza étnica, a expulsão dos palestinos de Gaza. Para este fim, representantes israelenses buscam países africanos que aceitem colaborar com este plano, recebendo a população palestina expulsa de seus lares.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi comunicado e deu sinal verde para os ataques contra os palestinos de Gaza, rompendo com o acordo de cessar-fogo que seu enviado havia negociado. Este sinal verde também implica em distanciar-se, neste momento, do plano de reconstrução de Gaza, sem limpeza étnica mas sem autodeterminação para os palestinos, apresentado pela Liga Árabe em 4 de março.
Analistas políticos israelenses atribuem a retomada do genocídio neste momento a fatores internos.
No dia 18 de março, o primeiro-ministro israelense Netanyahu iria depor em um tribunal sobre as três acusações de corrupção que pesam sobre ele. No dia 19 de março, está agendada a votação do “pré-orçamento” que deve ser aprovado até o fim do mês, caso contrário, o Knesset (parlamento israelense) é dissolvido e novas eleições são convocadas. Com a retomada do genocídio em Gaza, Netanyahu justifica o cancelamento da audiência judicial e ganha o apoio do deputado de extrema direita religioso Itamar Ben-Gvir e seu partido “força judaica” para votar o “pré-orçamento”.
Além disso, Netanyahu promoveu a mudança na liderança das forças armadas e no serviço secreto Shin Bet, colocando elementos de sua absoluta confiança. Estas mudanças são rejeitadas por grande parcela dos israelenses que se opõe a Netanyahu, mas a ofensiva militar tende a limitar eventuais protestos.
Mesmo assim, Netanyahu enfrentará dificuldades crescentes internamente. Além do estrangulamento de grandes setores da economia que dependem de uma certa “estabilidade” para seus negócios, há a questão do alistamento militar e dos presos israelenses em Gaza.
O alistamento militar é rejeitado pelos haredim, que são 1,3 milhão de religiosos ultra-ortodoxos israelenses, cuja isenção de participar do alistamento militar foi derrubada pela Suprema Corte em meados de 2024. De lá para cá cerca de 10 mil ordens de alistamento foram emitidas, mas apenas 300 se apresentaram. A oposição dos haredim alimenta a falta de engajamento militar em outros setores da sociedade israelense.
As famílias dos presos israelense em Gaza também se opõem a retomada do genocídio por colocá-los em risco. Elas querem que o acordo de cessar-fogo seja cumprido de forma a trocar presos israelenses por presos palestinos.
Ampliar a solidariedade internacional
A resistência palestina, sozinha, não tem condições neste momento de derrotar Israel e seus apoiadores imperialistas. A única forma de paralisar o genocídio permanentemente e caminhar para a libertação de toda a Palestina, do rio ao mar, é ampliar a resistência dentro e fora da Palestina ocupada combinando as lutas operárias e populares dentro da Palestina (novas Intifadas), nos países árabes (uma nova onda de revoluções que derrubem os regimes árabes colaboracionistas) e em todo o mundo para obrigar os países a romper as relações econômicas e militares com Israel, em particular a ajuda militar americana e europeia, e as exportações chinesas e russas.
Nesse sentido, a LIT-QI e suas seções repudiam a retomada da agressão israelense e manterão sua participação nas atividades unitárias em defesa do povo palestino.