Em mais uma ação de repressão aberta contra a imprensa palestina, forças da ocupação sionista prenderam na madrugada desta segunda-feira (7) o jornalista Nasser al-Lahham, diretor do escritório da rede libanesa Al Mayadeen na Palestina ocupada. A operação, realizada por agentes do serviço secreto israelense Shin Bet, ocorreu em Beit Lahm (Belém), ao sul da Cisjordânia, e envolveu invasão domiciliar, vandalismo e apreensão de equipamentos.

De acordo com fontes locais, os soldados sionistas invadiram a casa de al-Lahham antes do amanhecer, destruíram móveis, confiscaram os telefones celulares do jornalista e de seus familiares e revistaram cuidadosamente seu estúdio de transmissão em busca de dispositivos eletrônicos ligados ao seu trabalho jornalístico. Fontes exclusivas da própria Al Mayadeen confirmaram que a operação foi executada sob responsabilidade direta do Shin Bet.

Após a prisão, al-Lahham teve sua detenção prorrogada até quinta-feira (11) e o caso foi transferido à corte militar de Ofer, ao oeste de Ramalá, sinalizando um possível processo jurídico prolongado e arbitrário contra um dos nomes mais destacados da imprensa palestina.

A rede Al Mayadeen emitiu um comunicado contundente denunciando a prisão como um ato de “brutalidade e repressão” e parte de uma campanha mais ampla de perseguição à imprensa. “Não nos surpreendemos com as práticas sádicas da ocupação, nem com seu ódio constante ao jornalismo, aos jornalistas e ao direito de relatar a verdade”, afirmou a emissora.

A nota da rede destacou a trajetória de mais de trinta anos de al-Lahham como jornalista e seu reconhecimento em todo o mundo árabe: “para nós, Nasser é mais do que um chefe de escritório. Ele é uma voz de liderança no jornalismo palestino, um símbolo da reportagem com propósito e um defensor firme dos direitos do seu povo”.

A ofensiva contra al-Lahham é apenas o mais recente episódio de uma escalada sistemática de ataques contra jornalistas palestinos. Em outubro de 2023, soldados israelenses já haviam invadido sua residência, agredido sua esposa e filhos e detido seus dois filhos, Basil e Basel. Além disso, a correspondente da rede Al Mayadeen, Hanaa Mahamid, segue sob constante ameaça das autoridades sionistas.

Ao mesmo tempo, o regime de ocupação intensificou a repressão contra Al Mayadeen, renovando a proibição de suas operações na Palestina ocupada, confiscando equipamentos de transmissão e bloqueando o acesso a seus sites. A emissora afirmou que esses ataques “revelam a guerra sistemática da ocupação contra a imprensa, marcada por censura, prisões arbitrárias e assassinatos deliberados de jornalistas, especialmente na Faixa de Gaza”.

Diversas vozes da política palestina e da imprensa internacional reagiram imediatamente. O ativista Sinan Shaqdeh declarou à Al Mayadeen que “a prisão do jornalista Nasser al-Lahham tem várias implicações, sendo a principal delas o esforço de atacar a Al Mayadeen por transmitir uma versão que desafia a versão israelense sobre o genocídio em curso (em Gaza)”.

Munther al-Hayek, porta-voz do movimento Fatá, afirmou que a prisão é “uma tentativa clara de suprimir a liberdade de imprensa e intimidar os jornalistas”, denunciando que tais ações são realizadas com “sinal verde dos Estados Unidos”. Segundo ele, a cobertura das chacinas em Gaza por parte da imprensa livre tem “perturbado o governo de Netaniahu”.

Outras organizações palestinas também reagiram de forma contundente. A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) classificou a prisão como uma “tentativa desesperada de silenciar a voz da verdade”, afirmando que “o que al-Lahham representa revela a incapacidade do inimigo de enfrentar a crescente fragilidade de sua posição e seu esgotamento moral e militar”.

Os Comitês de Resistência Palestinos declararam que a ação “é um ato desesperado e uma tática fracassada do sionismo, que jamais conseguirá silenciar a verdade que Al Mayadeen representa”. Segundo eles, a prisão e o vandalismo mostram “o medo profundo e o desespero vingativo” do regime.

Já o Movimento dos Mujahidines Palestinos afirmou que a prisão revela a “natureza criminosa e terrorista” do governo israelense. A nota do movimento declarou que “a prisão de al-Lahham reflete a política sistemática sionista de silenciar dissidentes, reprimir a verdade e tentar, em vão, neutralizar o papel da imprensa livre em denunciar os crimes da ocupação”.

O Conselho Nacional Palestino também se manifestou, por meio de seu vice-presidente Ali Faisal, expressando total solidariedade a al-Lahham e à rede Al Mayadeen, que “mostra a realidade como ela é”.

A repressão contra jornalistas palestinos foi denunciada com dados concretos pelo Centro de Proteção aos Jornalistas Palestinos (PJPC), que revelou que desde outubro de 2023 mais de 56 jornalistas palestinos foram presos por “Israel”, dos quais 22 permanecem detidos sob regime de detenção administrativa, ou seja, sem qualquer acusação formal. A entidade exigiu intervenção urgente da ONU e de organizações internacionais para responsabilizar os autores dessas violações.

A repressão também foi condenada internacionalmente. Os Comitês Democráticos Palestinos na Alemanha classificaram a prisão como uma “tentativa desesperada de silenciar vozes independentes”. O Congresso Popular Libanês exigiu a libertação imediata do jornalista. O movimento Hesbolá afirmou que a prisão integra a “agenda sionista sistemática de enterrar a verdade” e manifestou “solidariedade total com al-Lahham, com Al Mayadeen e com todos os jornalistas que, mesmo sob risco, denunciam os crimes do ocupante”.

O Partido da Unidade Popular da Jordânia também divulgou nota de repúdio, declarando que “a prisão criminosa revela o medo e o pânico que tomaram conta das autoridades sionistas diante da imprensa livre”. O partido ainda elogiou Al Mayadeen por sua postura firme em defesa da Palestina e contra qualquer tipo de normalização com o ocupante.

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) se somou à condenação global, denunciando a detenção como “absolutamente injustificável” e um atentado flagrante à liberdade de imprensa e aos direitos humanos. A organização pediu a libertação imediata de al-Lahham e afirmou que “Al Mayadeen se consolida como referência de jornalismo ético e comprometido com a verdade”.

Como resposta à prisão, a rede Al Mayadeen organizou manifestações de solidariedade em Beirute e Teerã. Em Beirute, o diretor do escritório local, Roni Alfa, declarou: “Nasser é testemunha dos crimes da ocupação contra a liberdade. Suas palavras assustam mais que balas. Não vamos recuar da verdade. Nunca deixaremos de dizer a realidade como ela é”. E completou: “estamos esperando por você. Sua ausência nos dói. Sua presença está apenas adiada. A todos os povos livres do mundo: fiquem ao lado de Nasser al-Lahham”.

Simultaneamente, a equipe da rede em Teerã realizou uma manifestação em apoio ao colega detido. A emissora reiterou que continuará mobilizada para garantir sua libertação, por meio de todas as vias públicas e jurídicas disponíveis.

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Last Update: 08/07/2025