O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), foi convidado pelo governo do Estado sionista de “Israel” para uma “viagem de negócios”, com todas as despesas pagas. Acompanhando o prefeito estará o secretário de Segurança da capital mineira, Márcio Lobato Rodrigues, delegado aposentado. A comitiva pretende conhecer “modelos e tecnologias” de repressão, que seriam aplicados à realidade brasileira — ou seja, ao povo pobre e trabalhador de Belo Horizonte.
Segundo o próprio secretário, o convite inicial foi feito ao prefeito, que então o convidou a integrar a viagem. À imprensa, declarou que o objetivo da visita é conhecer soluções que possam ser aplicadas em BH, tanto em modelos de atuação quanto em tecnologia. Disse ainda: “Temos que buscar as experiências onde quer que elas estejam”. Em nenhum momento cogitou-se recusar o convite do governo de “Israel”, mesmo com o genocídio em curso na Palestina, que já resultou em mais de 60 mil mortos e feridos — em sua maioria mulheres e crianças.
Ao contrário disso, o prefeito e seu secretário demonstram total interesse em importar métodos repressivos diretamente do enclave sionista. O resultado, caso seus planos avancem, será transformar Belo Horizonte em uma nova Faixa de Gaza, onde pobres, negros e trabalhadores serão alvo de uma verdadeira carnificina, como a que se vê diariamente nos territórios palestinos ocupados. O projeto em curso é de militarização total da vida urbana e de aprofundamento do regime policial.
Esse convite não é um caso isolado. Desde 2023, “Israel” financiou viagens de diversas autoridades brasileiras: o senador e ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União); o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP); os governadores Ronaldo Caiado (GO) e Tarcísio de Freitas (SP), ambos do União Brasil; além de ministros do STF, como Joaquim Barbosa (homenageado em “Israel”), Luís Roberto Barroso, Rosa Weber (em 2019) e André Mendonça (em 2024), estes com passagens pagas pela Confederação Israelita do Brasil (CONIB).
Essas visitas visam estreitar os laços entre o Brasil e um regime abertamente genocida, mesmo após o presidente Lula (PT) ter denunciado os crimes cometidos contra o povo palestino. A visita de Álvaro Damião também se conecta ao projeto Smart BH, em tramitação na Câmara Municipal.
Elaborado por vereadores do PL, o programa pretende implementar um sistema de vigilância baseado em inteligência artificial para reconhecer rostos, identificar veículos com pendências e cruzar dados com os bancos de dados da segurança pública. Damião já visitou o centro de monitoramento de São Paulo ao lado do prefeito Ricardo Nunes, outro entusiasta da repressão de alta tecnologia.
Não é difícil entender o real interesse dos sionistas com autoridades brasileiras: por um lado, buscam aliviar o isolamento internacional do Estado sionista — hoje considerado pária por dezenas de países; por outro, com a destruição quase completa de Gaza, o bloqueio marítimo imposto pelo Iêmen e o desgaste econômico sem precedentes, “Israel” busca receitas por meio da venda de equipamentos e “know-how” repressivo. A exportação da barbárie se torna, assim, uma estratégia de sobrevivência para o regime em crise.
A aproximação do governo brasileiro com esse regime revela que está em curso um processo de militarização do aparato repressivo no País. Busca-se treinar tropas e padronizar métodos para conter futuras manifestações populares, num momento em que a crise do capitalismo empurra os trabalhadores para a luta.
Não se trata de segurança para o povo, mas para o Estado burguês, que teme o levante das massas diante de sua falência generalizada. A burguesia e o imperialismo preparam-se para esmagar a revolta iminente. A história, porém, mostra que nem toda repressão do mundo pode conter para sempre um povo em marcha.