Nas primeiras horas da quinta-feira (26), forças israelenses avançaram para o vale de Wadi al-Hujayr, no sul do Líbano, violando flagrantemente o cessar-fogo firmado entre a entidade sionista e o governo libanês no mês passado. A região, inacessível às forças israelenses durante a guerra devido à resistência libanesa, tornou-se novamente palco de tensões militares.
De acordo com informações da emissora libanesa Al Mayadeen, tanques Merkava e escavadeiras israelenses avançaram de Taybeh em direção à cidade de al-Qantara, prosseguindo até Wadi al-Hujayr. O avanço forçou os residentes das cidades de al-Qantara e Aadchit al-Qusayr a fugir para áreas próximas, como al-Ghandouriyeh, enquanto o exército libanês bloqueava as vias de acesso à região a partir de Qaaqaaiyet al-Jisr.
Relatos indicam que os soldados israelenses dispararam rajadas de metralhadora em direção ao vale, intensificando o clima de medo entre os moradores em fuga.
O comando do exército libanês denunciou as ações de Israel como novas violações da soberania nacional e do acordo de cessar-fogo. Em resposta, reforçou sua presença nas áreas afetadas e manteve a coordenação com a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL).
A UNIFIL expressou preocupação com a destruição contínua de áreas residenciais, terras agrícolas e infraestruturas rodoviárias no sul do Líbano. Em comunicado, a força de paz condenou essas ações como violações à Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que prevê a retirada total das tropas israelenses e o controle exclusivo das forças libanesas na região.
Além das incursões terrestres, a aviação israelense realizou um ataque na madrugada de quarta-feira (25) na região de Balbeque, no leste do Líbano. O bombardeio próximo à cidade de Taraya foi denunciado como a primeira violação do cessar-fogo nessa área desde sua implementação em 27 de novembro.
O acordo estipulava um período de 60 dias para a retirada total das tropas israelenses do território libanês, com prazo final em janeiro de 2025. No entanto, o governo libanês acusa Israel de atrasar deliberadamente esse processo, mesmo sob pressão.
Nos últimos meses, o exército libanês, em conjunto com a UNIFIL, tem intensificado esforços para reforçar sua presença na região sul, destacando tropas na cidade de Khiam e em outras localidades próximas à fronteira com a Palestina ocupada. Ainda assim, relatos indicam que forças israelenses continuam expandindo sua ocupação e até mesmo hasteando bandeiras em territórios libaneses.
No início de dezembro, o Hesbolá já havia respondido às constantes violações do acordo por parte de Israel. Após dezenas de agressões israelenses contra o território libanês, o Hesbolá decidiu empreender uma “resposta defensiva inicial e de advertência” contra a entidade sionista.
O objetivo dos ataques do Hesbolá, conforme comunicado pelo partido, era alertar Israel contra novas violações do acordo de cessar-fogo. Segundo o Partido de Deus, a operação foi realizada em resposta aos ataques israelenses, “que incluíram diversas formas de agressão, como disparos contra civis, ataques aéreos em diferentes áreas do Líbano — resultando no martírio de civis e ferimentos em outros — e a contínua violação do espaço aéreo libanês por aeronaves inimigas, chegando até a capital, Beirute”.