Em uma nova ofensiva contra a Organização das Nações Unidas (ONU), Israel ordenou o esvaziamento da Cidade de Gaza e invadiu a sede da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA). O exército lançou panfletos sobre a cidade pedindo que moradores deixem a região em direção ao sul do território.
A UNRWA é responsável por alimentar e prover educação a centenas de milhares de pessoas no território palestino.
De acordo com moradores, atiradores da Força de Defesa de Israel (IDF) ocuparam telhados de prédios que ainda estão em pé na região e militares posicionaram tanques dentro da sede. Em um comunicado, o Exército disse que combatentes de grupos armados do território operavam de dentro das instalações da agência.
Nos panfletos lançados pelos aviões israelenses, o exército ordena o deslocamento da população para o sul do enclave, onde suas forças aéreas bombardearam uma escola. O ministério da Saúde de Gaza anunciou a morte de ao menos 25 pessoas.
O bombardeio aéreo, confirmado pelos militares israelenses, atingiu uma área adjacente à escola al-Awda, na cidade de Abasan al-Kabira, a leste de Khan Younis — uma área onde civis deslocados de outras regiões de conflito estavam acampadas.
O bombardeio foi o quarto, nos últimos quatro dias, a atingir diretamente (ou os arredores) de alguma área utilizada como abrigo por pessoas deslocadas pelo conflito, segundo uma contagem feita pela rede britânica BBC. Antes do ataque no sul, duas escolas da ONU no campo de refugiados de Nuseirat foram atingidas por operações, além de uma escola na Cidade de Gaza. Os ataques em sequência provocaram reações internacionais.
O Crescente Vermelho palestino, braço da Cruz Vermelha na região, disse ter recebido dezenas de chamadas de moradores da Cidade Gaza presos em suas casas, mas afirmou que suas equipes não conseguiram alcançá-los devido à intensidade dos bombardeios. “Os residentes estão vivendo condições trágicas”, afirmou a organização.
O diretor-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, se pronunciou condenando os ataques e cobrando ação da comunidade internacional.
“Desde o início da guerra, dois terços das escolas da UNRWA em Gaza foram atingidas, algumas foram bombardeadas e muitas ficaram gravemente danificadas. As escolas passaram de locais seguros de educação e esperança para as crianças a abrigos superlotados, muitas vezes terminando em locais de morte e miséria. Nove meses depois, sob a nossa vigilância, as matanças, a destruição e o desespero implacáveis e intermináveis continuam. Gaza não é lugar para crianças. O flagrante desrespeito pelo direito internacional humanitário não pode tornar-se a nova normalidade”, escreveu em uma publicação no X.