Mais de 420 mil palestinos foram novamente forçados a deixar suas casas desde que o cessar-fogo em Gaza foi rompido, segundo informou nesse domingo (20) a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). A entidade mantém atualmente 115 abrigos na Faixa de Gaza, acolhendo mais de 90 mil pessoas deslocadas pela nova ofensiva promovida pela entidade sionista.
Em publicação na rede X, a UNRWA denunciou a deterioração da situação humanitária no enclave palestino, agravada pelo cerco militar imposto por “Israel”, que impede a entrada de ajuda e suprimentos básicos. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (WFP), cerca de dois milhões de pessoas — a maioria deslocadas — dependem inteiramente da ajuda humanitária, e centenas de milhares correm risco imediato diante do esgotamento dos estoques de alimentos.
Reportagem publicada pelo jornal britânico The Guardian revela que, após sete semanas de bloqueio total, os alimentos armazenados durante a trégua de dois meses já se esgotaram. Filas se formam em cozinhas comunitárias, onde não há mais o que servir. Produtos vendidos nos mercados alcançam até 1.400% do valor que tinham durante a trégua, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A fome já é considerada por muitos palestinos mais assustadora que os próprios bombardeios. “Muitas vezes tive de ceder minha parte da comida para o meu filho, por causa da escassez. É a fome que vai me matar — uma morte lenta”, relatou Hikmat al-Masri, professor universitário de Beit Lahia, ao Observer.
A Oxfam estima que a maioria das crianças em Gaza sobrevive atualmente com menos de uma refeição por dia. Cerca de 95% das organizações de ajuda suspenderam ou reduziram suas atividades, e, desde fevereiro, “Israel” impõe novas restrições à entrada de equipes internacionais no território. Suprimentos médicos básicos, como analgésicos, também estão em falta.
Na Cidade de Gaza, segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, há uma superlotação de deslocados que vivem nas ruas ou em escombros prestes a desabar. A coordenadora de emergência da organização alertou que os poucos centros de atendimento existentes não têm capacidade de atender a todos, e medicamentos estão sendo racionados.
Segundo a ONU, aproximadamente 70% da Faixa de Gaza está sob ordens de evacuação ou foi incorporada a zonas militares controladas pelo Exército de ocupação. Apenas a “zona de segurança” em Rafá representa um quinto da área total do enclave.
Enquanto isso, continuam os bombardeios indiscriminados. No domingo (20), ao menos 30 pessoas foram assassinadas pela ofensiva sionista. Entre os ataques registrados estão bombardeios em Khan Younis, Rafá, Beit Lahia, Zaitoun, e sobre um acampamento de refugiados em Shati’, onde duas pessoas foram mortas por veículos aéreos não tripulados (VANTs). Homens, mulheres e crianças seguem sendo executados à luz do dia, enquanto os edifícios desabam sobre as famílias que se refugiam em ruínas.
Ataques recentes aos hospitais Nasser, em Khan Younis, e al-Ahli, na Cidade de Gaza, demonstram uma mudança na conduta militar sionista, agora ainda mais agressiva. Os bombardeios destruíram departamentos inteiros das unidades médicas, mesmo na presença de equipes internacionais. O pretexto, como de costume, foi a alegação de que combatentes do Hamas estariam no local.
“Antes, evacuávamos se um ataque caía a dois quilômetros. Agora, só saímos se o prédio ao lado for atingido. Isso mostra que ‘Israel’ quer nos forçar a atuar nos seus termos”, declarou um alto funcionário de ajuda internacional ao The Guardian.
O regime sionista continua a divulgar que o Hamas se utiliza da infraestrutura civil e se apropria da ajuda humanitária — justificativas para manter a população palestina sob cerco. Agora, a imprensa local afirma que o governo trabalha em um mecanismo para controlar diretamente a distribuição de ajuda, através de empresas privadas israelenses, o que agravaria ainda mais a crise.
Enquanto isso, a Resistência reage
Neste domingo (20), as Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, anunciaram a execução de uma emboscada complexa denominada “Quebrando a Espada”, contra forças de ocupação ao leste de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza.
Segundo o comunicado, os combatentes da Resistência atingiram um veículo militar do batalhão de inteligência da divisão de Gaza com um míssil antitanque, provocando baixas confirmadas. Em seguida, ao chegar uma equipe de resgate, esta foi surpreendida por explosivos antipessoal, resultando em mais mortos e feridos.
A brigada também confirmou o ataque a uma nova posição militar da ocupação com quatro disparos de RPG e lançamento de morteiros. O grupo divulgou imagens da ação, registrando a destruição de veículos inimigos próximo ao bairro de al-Tuffah.
A imprensa israelense confirmou a morte de um soldado e ferimentos em outros quatro durante o episódio. O canal israelense Kan lembrou que o local do incidente foi visitado recentemente pelo primeiro-ministro Netaniahu e pelo ministro da Segurança, Israel Katz.
Analistas sionistas, como o ex-oficial de inteligência Michael Milstein, reconheceram a firmeza da Resistência Palestina: “o que sustenta o Hamas é sua convicção ideológica profunda, que os leva a lutar até o fim”.
Já as Brigadas al-Quds, braço armado da Jiade Islâmica, publicaram imagens da apreensão de dois VANTs militares israelenses que sobrevoavam a Cidade de Gaza em missões de reconhecimento.
A Resistência Palestina segue atuando, mesmo diante do massacre promovido por “Israel”, reafirmando seu compromisso com a luta até a libertação total da Palestina.