Intensificando o genocídio que perpetra diariamente contra a Faixa de Gaza, nesta segunda-feira (26), “Israel” bombardeou mais uma escola que servia de abrigos a famílias palestinas que haviam sido expulsas de suas casas pelos invasores israelenses. O alvo do ataque criminoso foi a escola Fahmi al-Jarjawi, localizada no bairro de al-Daraj, Cidade de Gaza (norte), bairro densamente povoado.
Realizado na madrugada, as forças israelenses de ocupação bombardearam a escola enquanto as famílias dormiam, provocando um incêndio que tomou conta do local. Em razão disto, mais de 51 palestinos foram assassinados, a maioria dos quais crianças, mulheres e idosos. Desse total, 30 morreram queimados, dos quais 18 crianças e seis mulheres.
Seus corpos carbonizados foram recuperados pela manhã pelas autoridades de saúde de Gaza. Segundo elas, a carne humana das vítimas se transformou em cinzas, tamanha a intensidade do incêndio.
Em vídeos divulgados na Internet, em canais de comunicação no Telegram e no X, uma menina palestina é filmada caminhando em meio às chamas, tentando sair do local. Fotos também divulgadas na Internet mostram corpos e colchões carbonizados, bem como paredes sujas de sangue. Veja:
Em entrevista à emissora Al Jazeera, Ahmed Sameeh, palestino que estava com a camisa suja de sangue, declarou que “este é o sangue da minha filhinha que eu carregava no ombro“, acrescentando que “ela tem três anos e teve o crânio fraturado. Não passamos de civis pacíficos e indefesos“.
Tais imagens são mais uma entre incontáveis demonstrações do caráter genocida e nazista de “Israel” e das forças israelenses de ocupação. Igualmente, a declaração do governo de “Israel”, de que a escola seria um “centro de comando e controle” do Hamas e da Jiade Islâmica Palestina, expõe o caráter criminoso desse Estado e de sua máquina de propaganda cínica que falsifica a realidade diariamente para tentar justificar seus crimes.
Pouco depois do ataque, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) publicou declaração informando que seus abrigos estavam “lotados com pessoas deslocadas buscando desesperadamente segurança“, que “muitas famílias estão se abrigando em prédios abandonados, inacabados ou danificados“, enquanto outras, “incluindo crianças e mulheres grávidas, estão dormindo ao relento“. A organização destaca que “nenhum lugar é seguro e nenhuma área foi poupada das hostilidades“.
Em informe, o Gabinete de Imprensa de Gaza informou que “a ocupação ‘israelense’ continua a atacar deliberada e sistematicamente centros de deslocados e abrigos. Até o momento, um total de 241 desses centros foram bombardeados, em flagrante violação de todas as leis internacionais e humanitárias, e numa clara tentativa de causar o maior número possível de vítimas civis”.
O Gabinete declarou que “este crime é uma continuação direta da limpeza étnica e do genocídio que a ocupação vem cometendo contra o povo palestino por quase 600 dias consecutivos”, e denunciou “a ocupação ‘israelense’, o governo dos EUA, o Reino Unido, a Alemanha, a França e todos os estados cúmplices do genocídio totalmente responsáveis pela continuação desses massacres”.
94% dos hospitais destruídos ou severamente danificados; mais de 95% das terras agricultáveis destruídas
Para além dos assassinato direto de palestinos, através de bombardeios e ataques terrestres das forças de ocupação, o genocídio perpetrado pelos israelenses tem outro aspecto: a destruição total da infraestrutura de Gaza, que resulta no aumento das mortes diretas e em mortes indiretas.
Nesse sentido, “Israel” já destruiu ou danificou severamente 94% dos hospitais da Faixa de Gaza, conforme informado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de forma que apenas 19 dos 36 hospitais estão operando (parcialmente).
Em publicação em sua página no X, a OMS afirmou que “os ataques militares em Gaza estão levando o sistema de saúde ao colapso”, o que resulta em aumento nas mortes diretas, pois não há praticamente mais nenhum lugar para salvar a vida de palestinos feridos pelos bombardeios; bem como o número de morte indiretas, em razões de doenças prévias, ou que surgiram em razão do bloqueio genocida e da destruição da infraestrutura, ou em decorrência da fome.
No que se refere às mortes indiretas, em especial àquelas decorrentes da fome, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Centro de Satélites das Nações Unidas (UNOSAT) constataram que menos de 5% das terras aráveis da Faixa de Gaza podem ser cultivadas. Em outras palavras, mais de 95% das terras agricultáveis não podem ser cultivadas pelos palestinos.
Detalhando isto, a avaliação conjunta constatou que mais de 80% das terras cultiváveis de Gaza foram danificadas, enquanto 77,8% dessas terras estão agora inacessíveis aos agricultores, conforme informações reproduzidas pela Al Jazeera. A emissora informa também que apenas 688 hectares (1.700 acres), ou 4,6% das terras cultiváveis, permanecem disponíveis para cultivo.
A avaliação da FAO e do UNOSAT constatou igualmente que 71,2% das estufas e 82,8% dos poços agrícolas também foram danificados, uma situação que está “deteriorando ainda mais a capacidade de produção de alimentos e agravando o risco de fome“, conforme aponta a FAO. A vice-diretora-geral da organização também informou que “este nível de destruição não é apenas uma perda de infraestrutura – é um colapso do sistema agroalimentar de Gaza e das linhas de vida”.
Tal destruição, somada ao bloqueio completo que “Israel” realizou contra Gaza entre 2 de março e 19 de maio, bloqueio que foi levantado minimamente, apenas para a entrada de número irrisório de caminhões de ajuda humanitária, demonstra a política deliberada dos israelenses de assassinar os palestinos de fome, política esta que já matou, em menos de três meses, mais de 300 palestinos de fome ou mal nutrição, bem como provocou aborto espontâneo em mais de 300 mulheres palestinas.
Conforme estudo publicado na revista The Lancet, em julho de 2024, o número total de palestinos que haviam sido mortos até aquela época era estimado em 186 mil, se fossem contadas as mortes indiretas (fome, doenças etc). De forma que, cerca de um ano depois, o total de mortos provavelmente ultrapassou 200 mil, isto é, 10% da população palestina.
Mais de 90 mortos em Gaza nesta segunda-feira (26)
Além do bombardeio à escola, “Israel” perpetrou ataques aéreos contra a população civil em outros locais de Gaza, demolindo casas palestinas. Foram bombardeados Beit Lahia, al-Shujaiya, al-Tuffah, al-Qarara e, até o fechamento desta edição, o número de palestinos mortos no dia já havia chegado a 90.
‘Israel’ rejeita mais uma proposta de cessar-fogo
Também nesta segunda-feira, “Israel” rejeitou mais uma proposta de cessar-fogo.
Conforme noticiado pela emissora lilbanesa Al Mayadeen, a proposta havia sido apresentada pelo mediador palestino-norte-americano Dr. Bishara Bahbah, elaborada em coordenação e aprovada pelo enviado dos Estados Unidos, Steve Witkoff.
Detalhando os aspectos fundamentais da proposta, a emissora informa que nela foi delineada uma estrutura abrangente para um cessar-fogo de 60 dias, incluindo a libertação de 10 prisioneiros israelenses em duas etapas e o início de negociações diretas com o objetivo de encerrar a guerra em Gaza.
Essa proposta previa que a primeira fase da libertação dos prisioneiros ocorreria no primeiro dia do cessar-fogo, seguida pela segunda no sétimo dia, e também garantiria a entrada diária de caminhões de ajuda humanitária em Gaza.
Contudo, ela continha a exigência de que o Hamas e demais organizações da resistência se abstivessem de “qualquer ação hostial” contra “Israel”, o que incluiria o compromisso de interromper o uso, o desenvolvimento e o contrabando de armas. Em outras palavras, uma tentativa de cerco à resistência e de impedir sua reorganização durante a trégua.
Noticiando sobre as tratativas, a agência de notícias Reuters informou que o Hamas havia concordado com a proposta de Witkoff para um cessar-fogo em Gaza, citando uma autoridade palestina próxima ao grupo, que teria dito que “a proposta inclui a libertação de 10 reféns israelenses vivos mantidos pelo Hamas em dois grupos em troca de um cessar-fogo de 70 dias e uma retirada parcial da Faixa de Gaza”.
No mesmo sentido, um representante do Hamas teria informado à Al Jazeera que o partido teria aceitado a proposta dos Estados Unidos, acrescentando que as forças israelenses deixariam rotas importantes e áreas povoadas, incluindo a estrada Salah al-Din e o Corredor Netzarim, no centro de Gaza.
Contudo, um alto funcionário do governo de “Israel” afirmou que a proposta “não pode ser aceita por nenhum governo responsável”, sob a justificativa de que “o Hamas está impondo condições impossíveis que significam um fracasso total no cumprimento dos objetivos da guerra e uma incapacidade de libertar os reféns”. No mesmo sentido, Benjamin Netaniahu, primeiro-ministro de “Israel”, teria afirmado que não pode haver nenhum progresso a não ser que o Hamas concorde com as condições estipuladas pela entidade sionista.
Destaca-se que o objetivo de “Israel” é destruir o Hamas, e o partido revolucionário palestino já declarou reiteradamente que não irá entregar suas armas.
Pronunciando-se sobre a situação, Steve Witkoff, o enviado de Trump para o Oriente Médio, negou que o Hamas teria aceitado, e, falando como verdadeiro capacho do sionismo, declarou que “o que vi do Hamas é decepcionante e completamente inaceitável”.
Enquanto o imperialismo e “Israel” tentam forçar o Hamas e demais organizações da resistência a aceitar um acordo que deixaria os palestinos desarmados perante os que perpetram o genocídio, os ataques contra Gaza continuam, bem como a política de assassinar os palestinos de fome.
Conforme o último informe do Ministério da Saúde de Gaza, “o número de mártires e feridos desde 18 de março de 2025 chegou a 3.822 e 10.925 feridos. O número de mártires da agressão ‘israelense’ subiu para 53.977 e 122.966 feridos desde 7 de outubro de 2023”.