Menos de 24 horas após o início de um cessar-fogo, Israel e o Hezbollah, grupo palestino armado instalado no Líbano, já se acusam mutuamente de descumprir o acordo.
Tanques israelenses teriam disparado, nesta quinta-feira, contra seis localidades no sul do Líbano, incluindo Markaba, Wazzani e Kfarchouba, áreas próximas à Linha Azul, que delimita a fronteira entre os países.
Segundo o Exército de Israel, porém, os disparos foram uma reação de soldados. Os militares teriam mirado em veículos com integrantes do Hezbollah que estavam em “diversas áreas” do sul do Líbano. A presença dos membros do grupo no local “constitui uma violação” do acordo de cessar-fogo, argumenta Israel.
O Hezbollah sustenta, porém, que as forças israelenses atacaram civis que tentavam retornar às aldeias.
O cessar-fogo, em vigor desde quarta-feira, prevê a retirada gradual das tropas israelenses e do Hezbollah do sul do Líbano, com a segurança sendo assumida pelo Exército libanês e forças da ONU.
Na noite de quarta-feira, Israel impôs toque de recolher a moradores do sul do Líbano, sob justificativa de conter deslocamentos do Hezbollah. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reforçou ordens para impedir o retorno de civis à área fronteiriça.
O ponto central do embate está na cláusula que permite a Israel responder a ações que considere ameaçadoras, abrindo margem para interpretações que já geram disputas.
A guerra, iniciada em setembro, já provocou mais de 3.500 mortes, segundo o Ministério da Saúde do Líbano. A maioria das vítimas é de civis atingidos em bombardeios no sul do país e em Beirute.
O acordo, mediado por EUA e França, tenta pôr fim a 14 meses de combates, mas a tensão e as ações no terreno apontam para uma trégua frágil.
Conflito em Gaza continua
Na Faixa de Gaza, os confrontos permanecem intensos. Bombardeios israelenses atingiram áreas em Beit Lahiya, Khan Younes e no campo de refugiados de Nurseirat, deixando 17 mortos, segundo autoridades locais.
Enquanto isso, o Hamas sinalizou interesse em negociar um cessar-fogo. O acordo, indica o grupo, também deve passar pelo presidente dos EUA, Joe Biden, que prometeu novos esforços diplomáticos para a região.