Historiador e professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Jaime Pinsky foi entrevistado pelo jornal Estado de S. Paulo para divulgar sua mais recente obra, o livro Os judeus – a luta de um povo para se tornar uma Nação, onde defende a tese de que uma suposta “identidade judaica” de 20 séculos teria como ápice a formação do Estado de “Israel”, apresentado pelo autor com um verniz um tanto romântico, resultado da “aspiração do povo judeu de ter um Estado para chamar de seu” durante o período. Um dos objetivos da obra, segundo o próprio autor, seria provar que “a ideia de que Israel é um fato [histórico] colonialista é uma bobagem sem tamanho, não tem nenhuma comprovação histórica”.
“A primeira coisa foi verificar se Israel é um Estado com raízes colonialistas, se Israel se aproxima por exemplo do que os belgas fizeram na África ou com o que os portugueses também fizeram na África. E eu deixo claro no livro que isso é uma besteira.”
No entanto, ao contrário do que afirma o mal-informado Pinsky, é exatamente para fazer algo exatamente igual ao que os belgas e especialmente os ingleses fizeram na África que “Israel” foi criado, sendo por isso mesmo desprezado pela maioria da comunidade judaica até a emergência da Segunda Grande Guerra, quando os judeus que desejavam escapar dos horrores da Europa dominada pelo nazismo foram proibidos de refugiarem-se no Reino Unido e no continente americano, sendo forçados a migrarem à então colônia britânica da Palestina.
O Estado nacional é um fato histórico, eu mostro claramente no meu livro. Eu provo que a ideia de que Israel é um fato colonialista é uma bobagem sem tamanho, não tem nenhuma comprovação histórica.”
Pinsky tenta reescrever a história para absolver o projeto sionista de seu caráter colonial e genocida. Sua tese de que “Israel” é uma exceção às práticas imperialistas do século XIX não é apenas equivocada, mas profundamente desonesta.
O objetivo real de “Israel” nunca foi a proteção do povo judeu, mas a erradicação da população palestina para criar uma colônia europeia no Mundo Árabe. Essa é a essência do projeto sionista e o verdadeiro motivo de sua existência. Ao tentar apagar essa realidade, Pinsky apenas reforça o papel do sionismo como ferramenta do imperialismo e do racismo colonial no Oriente Médio.
Orientação:
Continue o artigo que comecei, intitulado “Não são os judeus, é ‘Israel’ que é colonialista”, dedicado criticar a tese do historiador da Unicamp Jaime Pinsky.