Em uma das ações mais ousadas de sua campanha militar, Israel anunciou nesta terça-feira (17) ter matado Ali Shadmani, principal comandante militar do Irã e figura de confiança do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei. Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), o ataque ocorreu durante a madrugada, em um bombardeio direto ao coração de Teerã.
“Após uma oportunidade repentina à noite, a Força Aérea atacou um centro de comando no coração de Teerã e eliminou Ali Shadmani, chefe do Estado-Maior em tempos de guerra e comandante de mais alta patente do Irã”, declarou o Exército israelense em comunicado.
O governo iraniano ainda não confirmou oficialmente a morte de Shadmani.
Quinta noite de confrontos e clima de guerra declarada
O ataque ocorre no quinto dia de conflito aberto entre Israel e Irã, após décadas de guerra nas sombras e ações pontuais entre os dois países no Oriente Médio. Desde sexta-feira (13), Israel iniciou uma ampla campanha aérea com o objetivo declarado de impedir o avanço do programa nuclear iraniano, uma ambição que Teerã nega ter.
A tensão chegou a um novo patamar nas últimas horas. Fortes explosões foram registradas pela manhã em Tel Aviv e Jerusalém, após sirenes alertarem para o lançamento de mísseis disparados pelo Irã em retaliação.
Além da morte de Shadmani, Israel confirmou “ataques em larga escala” contra alvos militares no oeste iraniano.
Israel ameaça Khamenei com o destino de Saddam Hussein
Já o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou que Khamenei pode ter um “destino similar ao de Saddam Hussein”, ex-presidente iraquiano que foi capturado por tropas americanas em 2003 e executado três anos depois.
A ameaça foi feita durante uma reunião da alta cúpula militar israelense e divulgada oficialmente pelo gabinete de Katz.
Trump pede evacuação de Teerã e amplia pressão diplomática
A escalada militar levou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a fazer um apelo direto e inusitado à população iraniana. Em publicação na rede Truth Social, Trump pediu que os moradores de Teerã deixem a cidade “imediatamente”.
O presidente norte-americano, que deixou prematuramente a cúpula do G7 no Canadá devido à crise, afirmou que sua volta a Washington “não tem nada a ver com um cessar-fogo, mas com algo muito maior”.
Apesar da movimentação, Washington nega qualquer envolvimento direto na ofensiva israelense. Ainda assim, o secretário de Defesa dos EUA, Peter Hegseth, anunciou o envio de “recursos adicionais” ao Oriente Médio para reforçar a defesa da região.
Trump também criticou duramente o governo iraniano por não ter assinado um acordo nuclear. “Que vergonha e que desperdício de vidas humanas”, escreveu.
Diplomacia paralisada
As negociações diplomáticas entre EUA e Irã, que visavam retomar um acordo sobre o programa nuclear de Teerã, estão oficialmente interrompidas. A ofensiva de Israel mudou o foco imediato das conversas.
Reunidos no Canadá, os líderes do G7 emitiram um comunicado pedindo uma solução que “leve a uma desescalada mais ampla das hostilidades no Oriente Médio”. França, Alemanha e Reino Unido reforçaram o apelo para que o Irã retorne “sem pré-condições” à mesa de negociações.
Em Teerã, o chanceler Abbas Araghchi respondeu com ironia aos apelos de Trump. “Basta uma ligação de Washington para silenciar Netanyahu. Isso abriria o caminho para a diplomacia”, disse.