
As Forças de Defesa de Israel avaliaram que os ataques recentes adiaram, mas não eliminaram, o programa nuclear e de mísseis do Irã, enquanto o genocídio de palestinos, disfarçado de conflito contra o Hamas na Faixa de Gaza, permanece como prioridade. A declaração foi feita pelo chefe do Estado-Maior israelense, general Eyal Zamir, durante reunião de avaliação dos 12 dias de campanha militar contra o Irã.
“Um capítulo significativo terminou, mas a campanha contra o Irã não acabou. Adiamos o projeto nuclear do Irã em anos, bem como seu projeto de mísseis, mas, apesar da conquista fenomenal, precisamos permanecer em campo. Não há tempo para descansar sobre os louros”, afirmou Zamir.
A fala contrasta com a narrativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou ter “obliterado” o programa nuclear iraniano após os ataques a três instalações nucleares no sábado (21). No entanto, cerca de 400 kg de urânio enriquecido a 60% — próximo do nível necessário para armas nucleares, permanecem sob posse do Irã.
Com o cessar-fogo temporário entre Israel e Irã em vigor, o general Zamir destacou que a atenção agora se volta para a Faixa de Gaza. “Agora o foco retorna a Gaza, ao retorno dos sequestrados e ao colapso do regime do Hamas”, disse.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reforçou a posição em pronunciamento na TV, vinculando o conflito com o Irã à continuidade da guerra contra o Hamas. “O Irã permanece uma ameaça, e nossa campanha contra o Hamas não pode parar”, afirmou.

Após o cessar-fogo, a violência em Gaza teve mais um episódio nesta terça-feira (24). Ataques com drones e infantaria atingiram civis palestinos que buscavam ajuda humanitária, em um episódio que ainda está sob investigação.
O Hamas afirma que 44 pessoas morreram, elevando o total de mortos no conflito para mais de 56 mil, segundo números contestados por Israel, que alega incluir combatentes.
A ONU estima que mais de 90% dos prédios em Gaza foram destruídos, enquanto cerca de 2 milhões de palestinos enfrentam fome e deslocamento forçado. Israel mantém um bloqueio rigoroso ao território, acusando o Hamas de desviar ajuda humanitária. Organizações internacionais denunciam que a assistência é insuficiente para evitar uma catástrofe humanitária.
Netanyahu enfrenta pressão interna para garantir a libertação dos reféns ainda mantidos pelo Hamas — cerca de 50, sendo 28 confirmados como mortos. O trauma do sequestro em massa de 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas mataram 1.200 israelenses e levaram 251 reféns, continua a dividir a sociedade israelense.