Neste sábado (24), no início da tarde, “Israel” bombardeou palestinos que estavam próximos a um caminhão de ajuda humanitária, aguardando para que pudessem receber farinha para se alimentarem.

O ataque criminoso foi perpetrado em Al-Mawasi, sul de Gaza, e ceifou a vida de pelos menos cinco palestinos, deixando mais de 50 feridos, conforme noticiado pela emissora Al Jazeera. O órgão de comunicação também destacou que Al-Mawasi havia sido designada como “zona humanitária” por “Israel”, uma demonstração do caráter genocida da entidade sionista.

O novo bombardeio é similar ao que ficou conhecido como “Massacre da Farinha”, quando, em 29 de fevereiro de 2024, as forças israelenses de ocupação abriram fogo contra palestinos que aguardavam receber comida de caminhões de ajuda humanitária. Aquele ataque foi perpetrado na rua Al-Rashid, na Cidade de Gaza (norte da Faixa), e resultou na morte de mais de 118 palestinos, deixando mais de 760 feridos. 

O novo ataque ocorre em momento em que a fome assola toda a população palestina, fome esta deliberadamente arquiteta por “Israel”: em 2 de março, a entidade sionista passou a bloquear completamente a Faixa de Gaza, impedindo a entrada de ajuda humanitária. 

A ajuda só voltou a entrar na última segunda-feira (19) em razão da crise que a política deliberada de assassinar os palestinos de fome vem gerando mundialmente. No entanto, a quantidade de caminhões que “Israel” está deixando entrar está na casa das dezenas, um número irrisório se comparado ao número de 500 a 600 caminhões de ajuda humanitária necessários diariamente para acabar com a fome em Gaza.

Em razão disto, palestinos, principalmente crianças, continuam morrendo de fome diariamente. É o caso de Mustafa Yassin, de apenas oito anos:

Neste sábado (24), o Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza publicou informe sobre quantas vidas palestinas foram ceifadas em razão do bloqueio genocida feito por “Israel”.

O órgão palestino denuncia que, “pelo 84º dia consecutivo, a ocupação ‘israelense’ mantém um cerco sufocante e hermético na Faixa de Gaza, fechando completamente todas as passagens e aplicando uma política deliberada de fome coletiva que equivale a um crime de guerra e um crime contra a humanidade segundo o direito internacional”, acrescentando que “a ocupação bloqueia a entrada de ajuda humanitária e alimentar e corta deliberadamente as entregas de combustível, levando instalações vitais — principalmente hospitais e padarias essenciais para a sobrevivência dos civis — a um fechamento quase total”.

O Gabinete de Imprensa denuncia que “Israel” só permitiu a entrada de ajuda humanitária devido à crise internacional que estava gerando, isto é, a dificuldade cada vez maior de o imperialismo sustentar os crimes da entidade sionista:

Ao longo desses 84 dias de bloqueio total, pelo menos 46.200 caminhões de ajuda humanitária e combustível deveriam ter chegado a Gaza para atender às necessidades mínimas dos moradores. No entanto, nos últimos dias, a ocupação tem promovido uma narrativa enganosa, alegando que ‘permite’ a entrada de ajuda, enquanto a realidade mostra que apenas cerca de 100 caminhões — menos de 1% das necessidades básicas — entraram.

Em seu informe, o órgão do governo de Gaza dá mais detalhes sobre a situação, informando que “os poucos caminhões transportavam quantidades limitadas de remédios e farinha para algumas padarias, enquanto a ocupação ainda impede o funcionamento de mais de 90% das padarias de Gaza”, algo que “expõe flagrantemente a política de ‘engenharia da fome’ da ocupação, que controla deliberadamente o fluxo e a distribuição de alimentos, agravando a catástrofe enfrentada por mais de dois milhões de civis em Gaza”.

Não bastando toda essa atividade criminosa, o Gabinete de Imprensa também denuncia a política de “Israel” de manipular as rotas dos caminhões de ajuda, bem como o de atacar agentes palestinos que fazem a segurança dos comboios, possibilitando os saques da ajuda humanitária:

“A ocupação também impõe restrições severas à movimentação desses ‘poucos caminhões’, forçando-os a seguir rotas perigosas monitoradas por seus drones, deixando-os vulneráveis ​​a saques por grupos armados — alguns operando com a clara conivência da ocupação. Ao mesmo tempo, nega proteção aos caminhões e tem como alvo direto equipes de segurança humanitária, mais recentemente bombardeando seis pessoas e matando-as enquanto realizavam seu dever humanitário”, informou o governo de Gaza.

“Israel” ainda impede que organizações internacionais humanitárias distribuam a ajuda diretamente aos cidadãos palestinos, conforme denunciado pelas próprias organizações.

Amjad Shawa, chefe da Rede de ONGs Palestinas, declarou que não houve “nenhuma mudança significativa” na situação em Gaza após a chegada de ajuda limitada ao enclave nos últimos dias. Conforme noticiado pela emissora Al Jazeera, farinha, fórmula infantil e alguns materiais médicos chegaram ao sul de Gaza, mas nada chegou ao norte.

No mesmo sentido foi a declaração de Abu Ali, gerente de uma cozinha comunitária na Cidade de Gaza (norte). Falando à Al Jazeera, ele declarou que cozinha é um dos poucos locais na região que ainda tem alguma comida, mas que “o que está disponível no norte de Gaza é apenas sopa de lentilha – sem pão ou qualquer outra coisa”.

Ali declarou que “nós, no norte de Gaza, estamos sendo exterminados, sem comida e sem farinha. Crianças pequenas aparecem só para pegar uma tigela de comida, e temos 15 panelas grandes que mal alimentam 300 pessoas“.

Na quarta-feira (21), o genocida Benjamin Netaniahu expôs plano elaborado conjuntamente entre “Israel” e Estados Unidos em que fica evidente a utilização da fome como arma de guerra, isto é, táctica para fazer o povo palestino se voltar contra a Resistência Palestina. Segundo o premiê sionista, a entidade israelense planeja controlar a entrega de ajuda humanitária em uma região no sul de Gaza, que estaria “livre do Hamas”.

Em razão desta política de fome arquiteta por “Israel”, nos últimos 80 dias, mais de 300 palestinos já morreram em razão da falta de comida, bem como mais de 300 mulheres sofreram abortos pela mesma razão.

O Escritório de Imprensa deu maiores detalhes sobre esses números, informando que ocorreram:

  • 58 mortes por desnutrição;
  • 242 mortes por escassez de alimentos e medicamentos, a maioria de idosos;
  • 26 pacientes renais perderam a vida por falta de cuidados médicos e alimentares;
  • Mais de 300 abortos espontâneos entre gestantes devido a deficiências nutricionais graves.

Mostrando a participação dos Estados Unidos nesse genocídio, na segunda fase do plano exposto por Netaniahu, serão abertos pontos de distribuição de ajuda fornecida por empresas privadas dos EUA.

E, se isto, por si só, já é genocida, a distribuição de ajuda liderada pelos EUA em Gaza foi adiada para segunda (26) ou terça-feira (27), conforme noticiado pela Al Jazeera, que igualmente informa que a entrega estava programada para ocorrer no domingo (25), mas que irá atrasar por supostas questões logísticas.

Expondo o controle burocrático e genocida do imperialismo e do sionismo sobre a entrega de ajuda humanitária, algo que faz parte da política de fome, Al Jazeera informa também que apenas três pontos de distribuição de ajuda foram estabelecidos no enclave: em Rafá, entre os eixos Morag e Filadélfia e no eixo Saladino. A ajuda será distribuída aos palestinos por meio de representantes das famílias.

Desde 18 de março, quando “Israel” retomou seus bombardeios criminosos contra Gaza, mais de 3.747 palestinos já foram assassinados. O número total de mortos, desde o início da guerra genocida, já ultrapassa 53.901.

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Last Update: 25/05/2025