Na madrugada desta quarta-feira (16), a entidade sionista realizou um dos mais agressivos ataques aéreos contra a Síria nos últimos anos, intensificando a escalada de tensões no Oriente Médio. A ofensiva teve como alvo a capital, Damasco, e a cidade de Sweida, no sul do país, com bombardeios contra o quartel-general das Forças Armadas sírias, áreas residenciais e instalações militares, além de posições próximas aos palácios presidenciais.
Segundo fontes locais, seis mísseis atingiram diretamente a sede do Estado-Maior das Forças Armadas em Damasco, provocando destruição severa e obrigando a evacuação imediata do prédio, bem como da Autoridade Geral de Rádio e Televisão. O canal estatal Elekhbariya noticiou que ao menos dois civis ficaram feridos, enquanto o Ministério da Saúde confirmou treze feridos no total. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o impacto das explosões em áreas centrais da capital síria, revelando a extensão da destruição causada pela ofensiva.
Outros alvos dos bombardeios foram o Palácio de Tishreen e o Palácio do Povo, sede do presidente interino Ahmad al-Sharaa. Três explosões foram registradas nas proximidades deste último, e há relatos não confirmados de que os edifícios tenham sido diretamente atingidos.
Ofensiva coordenada
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos informou que a força aérea sionista também bombardeou um veículo militar do governo na cidade de Sweida. O ataque, segundo a organização, integra uma nova fase da ofensiva no sul da Síria. Foram atingidas, ainda, rotas logísticas e posições de grupos armados vinculados ao Ministério da Defesa da fase de transição, além do aeroporto militar de Thaala e da 52ª Brigada, no leste da província de Daraa.
Esses ataques coincidem com uma nova onda de confrontos internos na região sul do país. Em Sweida, majoritariamente habitada por drusos, confrontos entre forças do governo, milícias beduínas e combatentes drusos já duram quatro dias, mesmo após o anúncio fracassado de um cessar-fogo. A entidade sionista tem se utilizado da justificativa de “proteger a minoria drusa” para intensificar sua presença militar nos céus do sul da Síria, deslocando inclusive duas divisões das forças de ocupação da Faixa de Gaza para as Colinas de Golã, ocupadas desde 1967.
O comando militar sionista confirmou oficialmente o ataque à entrada do quartel-general militar em Damasco. “É dali que os comandantes do regime sírio coordenam as operações militares e a movimentação de tropas para a região de Sweida”, afirmou o exército da ocupação em comunicado.
Sionismo tenta se apresentar como protetor dos drusos
O ataque ocorre após declarações do xeque druso Hikmat al-Hijri, que acusou as forças governamentais sírias de romperem o cessar-fogo e conclamou os combatentes da comunidade a resistirem ao que chamou de “ataque bárbaro”. A entidade sionista, valendo-se disso, passou a intensificar as incursões aéreas na região, como forma de se apresentar falsamente como protetora das minorias étnicas e religiosas.
Além disso, a ofensiva ocorre em um contexto de instabilidade interna na Síria. Desde o final do ano passado, grupos islâmicos armados liderados pela organização Hayat Tahrir al-Sham (HTS) têm exercido controle sobre áreas da capital. A desestabilização do país, promovida por anos de guerra e ingerência estrangeira, vem sendo explorada por ‘Israel’ para realizar incursões militares, como as que têm sido vistas agora.
Hesbolá denuncia ataque como parte de ofensiva regional
Em resposta à agressão, o Hesbolá divulgou um comunicado contundente na quinta-feira (17), condenando a ofensiva como “uma violação flagrante da soberania síria e do direito internacional”. O grupo denunciou que os ataques fazem parte de uma política deliberada da entidade sionista de atacar não apenas a Síria, mas também Líbano, Palestina, Iêmen e Irã.
“O inimigo sionista apresenta-se como salvador, mas é a fonte de toda instabilidade na região”, afirmou o movimento. “Esta agressão é mais um capítulo da estratégia de violação da soberania dos povos e de exploração das divisões internas.”
O Hesbolá advertiu ainda que ‘Israel’ não respeita acordos nem normas internacionais, pois “enxerga os povos e Estados como ferramentas de seu projeto colonialista”. O grupo reafirmou sua confiança na resistência do povo sírio e convocou a união nacional como única saída para enfrentar a agressão estrangeira. “Se deixado solto, o inimigo sionista devorará a todos”, alertou o comunicado.
Reações internacionais denunciam agressão
A ofensiva sionista gerou uma onda de condenações em diversas partes do mundo. O Ministério das Relações Exteriores do Iraque denunciou o ataque como uma “violação flagrante e reiterada do direito internacional e das resoluções da ONU”, alertando que a escalada compromete diretamente a estabilidade regional.
O governo egípcio classificou os bombardeios como atentados contra a soberania de dois países árabes — Síria e Líbano — e exigiu o fim imediato das violações. A França, por sua vez, condenou os ataques contra civis e reiterou a necessidade de respeitar o direito humanitário. A Turquia criticou duramente as ações de ‘Israel’, acusando-o de sabotar os esforços de paz na região.
No Golfo, o Conselho de Cooperação do Golfo manifestou “plena solidariedade com o povo sírio” e repudiou os ataques. O movimento Ansarallah, do Iêmen, qualificou a ação como “agressão brutal” e extensão da política expansionista do regime sionista.
Apelo por cessar-fogo em Sweida
Diante da escalada do conflito na província de Sweida, o Partido Socialista Progressista do Líbano anunciou uma iniciativa diplomática para restabelecer a trégua na região. Em nota, o partido declarou que a medida segue a orientação histórica de seu ex-líder Walid Jumblatt, que defende uma solução política garantida pelo Estado sírio.
Jumblatt também criticou as provocações sionistas e pediu que o xeque Hikmat al-Hijri assuma uma “postura histórica”, expondo os responsáveis por pressões contra ele. Ele elogiou a disposição de partidos árabes nacionalistas em Sweida e defendeu a reconciliação com os grupos beduínos, inclusive com o desarmamento e integração a um acordo nacional.
‘Israel’ amplia sua ofensiva no Oriente Médio
A nova ofensiva contra a Síria confirma a escalada da política sionista de desestabilização regional. Ao mesmo tempo em que intensifica o cerco à Faixa de Gaza e bombardeia o sul do Líbano, a entidade sionista avança contra o território sírio com o claro objetivo de ampliar sua esfera de dominação militar, consolidando sua presença nas Colinas de Golã e se posicionando para novas operações.
A agressão a Damasco é mais uma demonstração de que o imperialismo e seu principal aliado na região, o regime sionista, apostam na intensificação da guerra e da destruição como meio de impedir qualquer processo de unidade nacional e soberania nos países árabes. A única resposta possível a essa ofensiva é o fortalecimento da resistência dos povos e sua mobilização contra o invasor.